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Francisco Sarsfield Cabral
Opinião de Francisco Sarsfield Cabral
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Corrupção: boas ou más notícias?

09 fev, 2016 • Opinião de Francisco Sarsfield Cabral


Portugal não é um país mais corrupto do que os outros.

Algumas pessoas mostram-se preocupadas com a sucessão de acusações dirigidas a personalidades públicas suspeitas de corrupção. Nenhuma dessas personalidades foi ainda julgada, por isso temos que presumir a sua inocência. Mas a recente multiplicação de casos dá que pensar.

Mas noutros países também existem casos judiciais atingindo figuras públicas, nomeadamente políticos. Em Espanha, são muitos os casos de corrupção, envolvendo sobretudo o partido de Rajoy, o PP. Um antigo Director Geral do FMI, Rodrigo Rato, está em vias de ir para a cadeia, condenado. Em França, dois anteriores presidentes da República, Chirac e Sarkozy, têm ou tiveram problemas com a justiça. Agora, é um ex-ministro de Hollande que está a ser julgado por fraude fiscal. E, em Itália, os casos de Berlusconi ultrapassaram em gravidade o que muita gente receava. Portugal não é um país mais corrupto do que os outros.

Acredito, assim, que o activismo recente do Ministério Público português é positivo. Mostra que a justiça não poupa os poderosos. Pena é que ela seja tão lenta.

Comentários
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  • Eduardo Rocha
    13 fev, 2016 Lisboa 01:32
    Quando o povo se sente beneficiado pelos corruptos, vota neles. Só quando o povo se sente prejudicado pelos corruptos é que se manifesta contra eles. Em conclusão: em matéria de luta contra a corrupção, frequentemente, reina a Hipocrisia em vez de reinar a Ética!
  • Zé Açor
    09 fev, 2016 Açores 17:14
    Como escreve o autor, a justiça atinge os poderosos, pena ser lenta. Algo está mal na justiça e parece não haver interesse na correcção. Como já muitos dizem: "Isto só muda à cachaporra!"
  • Nadir
    09 fev, 2016 Cascais 14:00
    A corrupção não diminui, antes pelo contrário. Tornou-se "normal", e não se trata apenas de pequenos desvios ou favores pessoais. E está à vista até nas altas instâncias europeias. Só assim se compreendem a forma como foi feita a globalização e também o facto de algumas empresas que infelizmente já são muitas, poderem eximir-se a pagar impostos mudando a sede fiscal para países onde quase não pagam nada. Esta questão é transversal à sociedade e ultrapassa em muito a divisão entre esquerda e direita. A isto se chama banditismo ou também corrupção endógena. A sociedade civil e os cidadãos e cidadãs do País e da Europa podem agora emancipar-se e corrigir a situação. Vejam com em: partidointeligente.blogs.sapo.pt
  • António Costa
    09 fev, 2016 Cacém 10:40
    Um velho professor disse uma vez que havia países onde se era livre de denunciar a corrupção. Onde se é livre. Depois há os outros onde não há corrupção. Nesses países, onde tudo é perfeito, quem denuncia qualquer injustiça sai "discretamente" de circulação. Aí sem stress e ansiedade, tudo corre "sobre rodas", com as pessoas a tentarem "chegar vivas" ao dia seguinte.....