27 nov, 2015
Ficou claro no caso francês e também no belga. O combate ao terrorismo faz-se em primeiro lugar no estado que é atacado. E isto por uma razão óbvia.
É que o grande inimigo do terrorismo é a coesão nacional e essa, por definição, só a nível de cada estado se pode reforçar. As impressionantes reacções populares aos infames actos dos terroristas nos dois países são, nesse aspecto, uma grande lição de coragem e lucidez.
Vem tudo isto a propósito do coro dos europeístas bem pensantes que, como sempre que acontece uma catástrofe, seja ela provocada por seres humanos seja por uma zanga da Natureza, vêm gritar que faz falta reforçar as instituições europeias para combater, no caso, o terrorismo.
Não faz falta nenhuma. Bem pelo contrário. Se hoje os países europeus estão vulneráveis (uns mais que outros, como é evidente), não é porque as instituições europeias tenham pouco poder. É exactamente o inverso.
Foi o enfraquecimento dos estados membros resultante do absurdo centralismo que tem infectado a Europa que tornou os estados fracos e vulneráveis a qualquer ataque seja de terroristas, seja dessa outra forma de terrorismo que é o dos mercados financeiros. Como sempre que em zonas da Europa, nos tempos modernos, se tem tentado um processo de centralização do poder esvaziando as soberanias nacionais, a decadência surge. Neste mais recente processo centralizador, que atravessamos desde o tratado de Maastricht em 1992, a decadência tem sido rápida e em aceleração. A Europa, hoje, é cada vez mais um fantasma de si própria.
No combate ao terrorismo, as instituições europeias têm um papel importante na circulação das informações necessárias a esse combate e na negociação permanente para obter coordenação de esforços. Mas propor a redução de meios nacionais para dotar instituições europeias em que ninguém confia porque nada têm a ver com as comunidades nacionais que integram a Europa é de uma cegueira confrangedora.