Emissão Renascença | Ouvir Online
A+ / A-

Duarte Pacheco compara excedente orçamental socialista a cofres cheios de Salazar

24 mar, 2024 - 23:12 • Susana Madureira Martins , João Carlos Malta

O dirigente do PSD diz que a saúde das contas públicas foi conquistado à custa da degradação dos serviços públicos.

A+ / A-

O dirigente do PSD Duarte Pacheco diz à Renascença que ter um excedente orçamental é positivo, mas salienta que a poupança se fez à custa da degradação dos serviços públicos. E comparou a poupança dos executivos socialistas aos cofres cheios de Salazar. Ambos deixaram de herança um país pobre.

“É uma questão de opção política. Eu percebo que na proposta que o ministro das Finanças ainda em funções, Fernando Medina, este excedente deve ser poupado porque os fundos comunitários não duram toda a vida e para que haja ali uma poupança, quando os fundos comunitários acabarem, para o país poder continuar a fazer obra pública. Eu compreendo este raciocínio. Mas, por outro lado, também compreendo o outro, quer dizer, nós estamos a poupar, mas à custa de uma degradação completa dos serviços públicos”, criticou.

O excedente orçamental é conhecido esta segunda-feira será divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística e poderá ficar acima de 1%.

Duarte Pacheco dá o exemplo dos médicos a quem “se nós continuamos a pagar uma coisa que não é aceitável, nós não teremos”.

“Nós não teremos professores qualquer dia, nós não teremos polícias, não teremos pessoas para as Forças Armadas, não temos ninguém porque poupamos, é verdade. Mas as pessoas bateram a porta e saíram todas da Administração Pública porque não estão disponíveis para receber aquilo que lhe estamos a pagar”, analisa

Pacheco pede uma avaliação de bom senso ao novo Governo e “possivelmente o excedente vai ser drasticamente reduzido”. “Mas se isso significar melhores serviços públicos. É uma opção correta”, avalia o social-democrata.

O antigo coordenador do PSD na comissão parlamentar de Orçamento e Finanças faz mesmo um paralelo com o Estado Novo que deixou os cofres cheios, mas um país na miséria.

“É sempre bom deixar alguma poupança de parte, não sabemos o dia de amanhã. Mas comparo com regime que foi deposto há 50 anos. Todos dizíamos que o doutor Salazar deixou os cofres cheios, pois deixou, mas deixou um país pobríssimo. Não é esse o caminho que nós queremos. É preciso bom senso e sendo de equilíbrio”, argumenta.

Numa altura em que se discute se o novo governo da AD terá ou não necessidade de fazer aprovar um orçamento retificativo, o dirigente do PSD salienta que é preciso iniciar funções, perceber como e se foram usadas as cativações, por exemplo, para então tomar uma decisão

“O Governo está autorizado a fazer as cativações, não é obrigado a fazê-las. O Governo fez essas cativações? Se fez, tem ali uma almofada financeira. O governo não realizou, só realizou metade? A almofada não existe, ou pelo contrário, é só metade daquela que estava inicialmente prevista e, portanto, só efetivamente quando lá chegar, quando assumir funções e receber toda a informação das Finanças é que o Governo poderá tomar a decisão final de avançar [com mais despesa]”, avalia.

Esta segunda-feira é conhecido o número exato do excedente orçamental. No sábado o presidente do PS, Carlos César, disse aos jornalistas que esperava que o saldo das contas nacionais não fosse excessivo numa crítica velada às opções do ministro das Finanças, Fernando Medina.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • João
    25 mar, 2024 Leiria 14:59
    A utilização de hiperboles e comparações absurdas, como vincular a gestão orçamental atual à época de Salazar, apenas serve para alimentar uma polarização desnecessária. É crítico distinguir entre o debate construtivo sobre políticas fiscais e o recurso a analogias dramáticas que confundem mais do que esclarecem. Comparar um período de ditadura, com todas as suas limitações e violações aos direitos humanos, à gestão de um estado democrático moderno, é minimizar a complexidade dos desafios atuais. Tal retórica não apenas distorce a realidade, mas também fortalece direita não democrática, ao apelar para emoções em vez de uma análise racional. Em um momento em que é fundamental promover o diálogo e a compreensão mútua, escolher comparações mais ponderadas e baseadas na realidade poderia ajudar a construir pontes, ao invés de cavar fossos mais profundos entre diferentes visões políticas.
  • João
    25 mar, 2024 Lisboa 14:58
    A utilização de hiperboles e comparações absurdas, como vincular a gestão orçamental atual à época de Salazar, apenas serve para alimentar uma polarização desnecessária. É crítico distinguir entre o debate construtivo sobre políticas fiscais e o recurso a analogias dramáticas que confundem mais do que esclarecem. Comparar um período de ditadura, com todas as suas limitações e violações aos direitos humanos, à gestão de um estado democrático moderno, é minimizar a complexidade dos desafios atuais. Tal retórica não apenas distorce a realidade, mas também fortalece direita não democrática, ao apelar para emoções em vez de uma análise racional. Em um momento em que é fundamental promover o diálogo e a compreensão mútua, escolher comparações mais ponderadas e baseadas na realidade poderia ajudar a construir pontes, ao invés de cavar fossos mais profundos entre diferentes visões políticas.

Destaques V+