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"Por que não?" Costa abre a porta a Sánchez no Conselho Europeu

22 mar, 2024 • Pedro Mesquita, enviado especial a Bruxelas , Susana Madureira Martins


O primeiro-ministro cessante mantém o tabu sobre a hipótese de vir a ocupar um cargo europeu e admite que o chefe do Governo espanhol, Pedro Sánchez, pode entrar na corrida para substituir o belga Charles Michel.

"Por que não?". Depois de um silêncio de vários segundos, António Costa respondeu desta maneira à pergunta da Renascença sobre a possibilidade do primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, poder entrar na corrida pela presidência do Conselho Europeu (CE).

O primeiro-ministro cessante, que falava esta sexta-feira na habitual conferência de imprensa após a reunião de líderes europeus, em Bruxelas, admitiu que "gosta muito do Pedro Sánchez" e que gostará "sempre de o ver onde ele gostar de se ver a si próprio”, concluiu António Costa.

O primeiro-ministro cessante não esclarece se gostava ou não do cargo para si próprio, mas elogia Sánchez, um nome que é admitido com frequência nos corredores de Bruxelas como uma das hipóteses alternativas para substituir o belga Charles Michel, que está de saída do CE a partir de novembro.

Sanchez poderá, de resto, ter vantagem sobre António Costa tendo em conta a regra informal que destina para o cargo de presidente do CE primeiros-ministros no ativo. Ora, a breve trecho, o socialista português deixará de liderar o Governo e entrará em funções um executivo da AD que pertence à família política do Partido Popular Europeu (PPE).

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"Por que não?" Costa abre a porta a Sánchez no Conselho Europeu

Fontes europeias dizem à Renascença que Pedro Sánchez é uma "hipótese mais forte do que se diz" e o primeiro-ministro espanhol tem, em breve, duas eleições consideradas problemáticas: as regionais da Catalunha, a 12 de maio, e a antes no País Basco, a 21 de abril.

É admitido em Bruxelas que o chefe do Governo espanhol pode aproveitar uma espécie de saída limpa para um cargo europeu, no caso de ficar encurralado por dois eventuais desaires eleitorais. Fontes europeias admitem à Renascença que entre Portugal e Espanha ganha Espanha, "à vontade".

Nos últimos dias, António Costa realizou um périplo europeu frenético, que culminou na reunião do Conselho Europeu desta quinta e sexta-feira. Em Bruxelas não passou despercebido o lote de despedidas aos "principais protagonistas" com quem trabalhou nos últimos anos. "Anda a oferecer-se", admite-se no circuito europeu.

Para além de Sánchez, o primeiro-ministro português tem pela frente outros potenciais nomes para liderar o CE. Desde logo Mario Draghi, o ex-primeiro ministro italiano que está a ser ativamente apoiado pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, ou a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, que, por ser mulher, pode ser a preferida de um setor importante dos socialistas.

Fontes europeias alertam à Renascença que, se é certo que António Costa, apesar da Operação Influencer, tem hipóteses na corrida a um cargo europeu e, sobretudo, à presidência do CE, a verdade é que o primeiro-ministro parece esquecer-se de uma regra da diplomacia do Vaticano: quem entra Papa, sai cardeal.

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