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Socialista Porfírio Silva atira a Marcelo. “Diálogo entre o Presidente e as ‘fontes de Belém’ nos jornais é indecoroso”

21 mar, 2024 - 14:41 • José Pedro Frazão

O deputado cessante do PS defende que Marcelo geriu um processo político que conduziu a ciclos curtos de governação que favoreceram a extrema-direita. O Presidente “abriu muito espaço a esse tipo de gente”, afirma o socialista na Renascença, onde defende que o melhor para o país é um Governo reformista, ainda que não seja fácil para a estratégia de combate da oposição.

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O socialista Porfírio Silva critica duramente Marcelo Rebelo de Sousa pela publicação de notícias, não desmentidas pela Presidência, sobre opiniões, atribuídas a Belém, sobre a situação política. O ainda deputado do PS foi questionado sobre as intervenções do Presidente da República durante o processo eleitoral, incluindo a publicação de uma notícia no semanário “Expresso” com diversos cenários políticos pós-eleitorais ponderados pelo Presidente da República, que nunca desmentiu oficialmente o teor do artigo.

“O diálogo entre Belém e as “fontes de Belém” publicadas é indecoroso. O que tem acontecido é termos um Presidente e um Presidente-Sombra à custa das coisas que o Presidente diz ao Presidente-Sombra nos jornais é indecoroso. Não há outra maneira de o dizer”, afirma Porfírio Silva no programa Casa Comum da Renascença, onde debateu com o social-democrata Pedro Duarte.

No último dia de campanha eleitoral para as legislativas, o semanário “Expresso” fez manchete de diversos cenários onde se incluía a possibilidade de dar posse a um Governo liderado por Pedro Nuno Santos, que poderia ser rapidamente derrubado, devido a uma maioria de direita no Parlamento. Tal como a Renascença noticiou, o Presidente do PS, Carlos César, questionou Marcelo por carta, referindo que "a maior parte dos que votaram" em Marcelo “estranharam” este artigo, que cita fontes da Presidência.

Outro cenário ponderado pelo Presidente da República, tal como noticiado e não desmentido por Marcelo, seria a exclusão do Chega de um Governo liderado por Luís Montenegro. Após uma reunião em Belém, já depois das eleições, André Ventura alegou que o Presidente da República “desmentiu cabal e categoricamente” que tenha manifestado essa intenção. Pouco depois, a Presidência da República emitiu uma nota, com apenas uma frase, onde se informa que Marcelo “não comenta declarações de partidos políticos nem notícias de jornais”.

Marcelo, a instabilidade e a extrema-direita

Porfírio Silva não poupa Marcelo Rebelo de Sousa, responsabilizando mesmo o Presidente da República por “abrir espaço à instabilidade” ao abreviar legislaturas sem ter que necessariamente dissolver o Parlamento, como no chumbo do Orçamento do PS, em 2021, ou na demissão de António Costa em 2023, resultando no reforço da extrema-direita.

O diretor do Ação Socialista espera que o país abandone uma sequência de “ciclos curtos interrompidos intempestivamente uns atrás dos outros”, apontando o dedo “à forma como o atual Presidente da República geriu” o processo através de “um tipo de política” que favoreceu “os tipos que estão sempre aos berros, que não têm nada para construir, que mudam de posição de uma semana para a outra e que gostam de confronto”. Marcelo “abriu muito espaço a esse tipo de gente”, disse referindo-se “aqueles que estão sempre a dizer mal de tudo, que gritam muito, que acham que está tudo mal, mesmo que não tenham soluções para as coisas e estou a falar da extrema-direita, claramente”.

Olhando para o próximo Governo, o socialista defende uma estabilidade, a bem do país, “e a médio prazo para a própria oposição”, acreditando que Montenegro deverá apostar numa estratégia com “ influência tutelar de Cavaco Silva”, menos radicalizada ou ideológica.

“Pela abordagem que fez na campanha, estaria disposto a apostar que Luís Montenegro considera como a sua primeira via aquela que mostra que é um partido reformista, capaz de resolver questões que estão em aberto na sociedade portuguesa. No meu entender, será bom para o país que o Governo tome essa opção, apesar de, no curto prazo, ser provavelmente a opção mais difícil para o PS. É sempre mais fácil ser oposição a um governo muito ideológico, que ‘carrega nas tintas’ e que radicaliza as coisas”, argumenta o deputado cessante do PS na Renascença.

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  • Americo
    21 mar, 2024 Leiria 18:20
    Boa tarde. Continuo a ter muitas dúvidas sobre quem "plantou" a notícia no expresso nessa sexta-feira. "Cheira" a estratégia que o PS seguiu de encostar o PSD ao CHEGA e que "correu" mal. Que o diga, Santos Silva.
  • Americo
    21 mar, 2024 Leiria 18:20
    Boa tarde. Continuo a ter muitas dúvidas sobre quem "plantou" a notícia no expresso nessa sexta-feira. "Cheira" a estratégia que o PS seguiu de encostar o PSD ao CHEGA e que "correu" mal. Que o diga, Santos Silva.

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