Com um ritmo intenso e uma agenda de encontros variados, Francisco cumpriu a mais longa viagem do seu pontificado, ao Equador, Bolívia e Paraguai.
A presença do Papa desdobrou-se em discursos oficiais, celebrações litúrgicas, encontros com jovens e com imensas multidões que participaram nas missas e encheram as ruas por onde passou.
Indiferente aos riscos de aproveitamento político que estas visitas sempre trazem, Francisco não se perturbou quando, a seu lado, o Presidente Evo Morales ouviu o hino boliviano de punho erguido, nem quando este lhe ofereceu uma enorme foice e martelo com Cristo lá pregado.
É que o Papa latino-americano (que não ficou chocado com o presente que recebeu) conhece bem estes contextos e sempre dialogou com eles.
É o que explica o protagonismo de Francisco no encontro dos movimentos populares, com activistas sem terra e catadores de lixo, numa espécie de comício nunca dantes visto em visitas papais.
Ou talvez me engane, pois também João Paulo II no auge da Guerra Fria, apoiou o sindicato "Solidariedade" quando a Polónia estava sob a alçada soviética...
Enfim, apesar das duas posições de dois Papas diferentes, em campos políticos opostos, para Francisco, o que ele próprio protagonizou na Bolívia de Morales "não foi um facto político, mas um facto catequético", e o que fez em terras do Equador, da Bolívia e do Paraguai, foi "dar aqueles povos a Doutrina Social da Igreja, que é a melhor resposta que tenho para dar".
Em animada conversa com os jornalistas no avião papal, o voo de 13 horas entre Asunción e Roma deu tempo para tudo. O Papa, sorridente e em boa forma, esteve sempre de pé, respondendo durante uma hora às perguntas que lhe fizemos.
Interrogado sobre qual o segredo para manter tão boa forma, apesar dos quase 79 anos de idade, Francisco deu uma gargalhada e respondeu: "Querem saber qual é a droga? (risos) Não, não tomei coca!"