Tratar ou não o médico por doutor. "Acho isso um disparate. Devia discutir-se o valor da ciência"

Henrique Raposo considera "um perfeito disparate" o debate que a Ordem dos Médicos quer lançar sobre a forma como os doentes se devem dirigir aos clínicos. Para este comentador da Renascença, há assuntos mais sérios no sector, como por exemplo "a quebra da autoridade da ciência na medicina".

Raposo refere-se em concreto à homeopatia e a medicina chinesa que, segundo ele, o "Parlamento e os ministros da saúde têm legitimado e isso é uma fraude".

"A homeopatia e a medicina chinesa não são ciência, não são medicina”, afirma, acrescentando que “pode existir no mercado mas o Estado não lhe pode chamar medicina”.

Sobre este assunto, Jacinto Lucas Pires manifestou ser da opinião que esta iniciativa da Ordem dos Médicos "é uma provocação anti-governo".

Neste debate houve tempo ainda para olhar novamente o PSD, nomeadamente as polémicas que têm surgido em torno da vice-presidente do partido escolhida por Rui Rio e ex-bastonária da Ordem dos Advogados Elina Fraga. Henrique Raposo considera que "se o ruído continuar", Elina Fraga não tem condições para continuar no cargo.

"Mas mais importante do que as alegadas irregularidades na Ordem dos Advogados, tem a ver com a degradação e a ruina do próprio discurso político e público que esta personagem representa”, acrescenta Henrique Raposo, considerando que Elina Fraga "contribui para um populismo que vai contaminando tudo e todos”.

Na mesma linha, Jacinto Lucas Pires, reconhece que este "não é um bom começo" e questiona a escolha de Rio.

"Porque é que Rui Rio foi buscar esta figura para a vice-presidência do PSD? Não se vê aqui nenhum trunfo político, não é propriamente uma visionária que, venha com ela diz, venha de fora do sistema abalar o próprio sistema. Não se percebe o que é que Rui Rio e o PSD tem a ganhar com esta escolha", remata.