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João Ferreira do Amaral
Opinião de João Ferreira do Amaral
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​Bojardismo político

15 dez, 2017 • Opinião de João Ferreira do Amaral


O último caso, verdadeiramente confrangedor, é o de Martin Schulz, o líder do SPD alemão.

Afinal não é só Trump. O bojardismo político ou seja, a forma de fazer política que se traduz em lançar tiradas disparatadas e bombásticas – popularmente chamadas bojardas – através dos media e das redes sociais, vai-se generalizando.

O último caso, verdadeiramente confrangedor, é o de Martin Schulz, o líder do SPD alemão.

Schulz não é muito de fiar em termos políticos. Basta recordar a forma como tratou a Grécia em algumas situações quendo era presidente do Parlamento Europeu para se desconfiar da sua solidez política. E não esqueçamos que conduziu o SPD a um dos maiores desastres da sua história eleitoral nas recentes eleições alemãs.

Pois é o mesmo Martin Schulz que se lembrou de lançar esta bojarda: que até 2025 a União Europeia terá de se transformar nos Estados Unidos da Europa e os países que não quiserem dar este passo terão de sair da União.

A tirada é tão disparatada que faz surgir a mesma interrogação que a maior parte de nós põe quando Trump procede de maneira similar: mas o que é que ele quer com isto?

Como seria de esperar, a proposta de Schulz foi acolhida com um justificado coro de protestos, principalmente na Alemanha, na qual estão a começar negociações entre Merkel e o SPD para efeito da constituição de um eventual novo governo. Negociações que, agora não devem ter ficado mais fáceis.

Nos restantes países, em geral não se levou Schulz muito a sério. E, também aqui com toda a justificação. Os Estados Unidos da Europa são um projecto totalmente inaceitável, que poderia levar à guerra na Europa e, por isso, completamente inexequível. Mas há algo que, apesar de tudo convém salientar: é que mais uma vez, como tem sucedido diversas vezes ao longo da História, um líder alemão tenta fazer impor um modelo político da Europa através da ameaça (neste caso de saída da União Europeia).

Comentários
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  • MASQUEGRACINHA
    17 dez, 2017 TERRADOMEIO 16:37
    Então, e por falar em bojardas, e quando ele disse, durante a campanha eleitoral, que a Turquia estava definitivamente fora da UE "porque nenhum alemão podia ir à Turquia em segurança"? A Merkel, ao lado dele, acenava que sim, pois claro, concordava, se ganhasse ela era igualzinho. Ainda se lembraram, um bocado depois, de dizer que, quanto à Turquia na UE teriam que consultar os parceiros, of course... Os lapsos que mostram a má qualidade do verniz uber alles.