O vestido da Morgadinha, típico da tradição Dança da Morgadinha, que acontece durante o desfile alegórico Cavalhadas de Teivas, quer ser o maior vestido do mundo e aguarda decisão final do Guinness World Records.

Por enquanto, vai atraindo curiosos que ficam impressionados com a dimensão do vestido. “Nunca vi um vestido assim tão grande. Em Olinda, Pernambuco temos assim uns bonecos enormes, mas vestidos assim?”, questiona Luís Grassi, de 68 anos.

Ali ao lado, a mulher Rosani Oliveira, 58 anos, aplaude o valor da tradição: “parece vestido de prenda do Rio Grande do Sul. Eu acho que tem de preservar as tradições”.

"Quantas mulheres cabem nesse vestido?”, atira Luís Grassi ao entrar no Palácio do Gelo, em Viseu.

É um vestido para uma só mulher, ainda que as medidas confundam a vista. “Temos uma cintura de 5, 23 metros de diâmetro e o peito tem igualmente 8,01 metros tal como a altura, não parece, mas tem. 300 metros de tecido e 10 mil euros de investimento nesta estrutura”, revela Alexandra Sá, a presidente da direção da Associação Cultural, Recreativa e Social de Teivas, que conta com 60 sócios.

Todas as noites, ela, mais uma equipa composta por 20 elementos ajeitam os folhos e todos os pormenores do vestido que agora está exposto no Palácio do Gelo em Viseu. Antes esteve na Praça do Rossio, frente à Câmara Municipal.

“Estou muito orgulhosa do nosso feito e não me canso de olhar para ele, todos os dias venho ver dele. À noite, o vento faz oscilar a sua própria estrutura e os pormenores nos folhos têm de ser cuidados”, conta Alexandra Sá.

Tem quatro cores o vestido gigante: branco, verde, vermelho e dourado (cores da associação e do município) e simboliza “o grande povo de Teivas (cerca de 400 habitantes), o não se cruzar os braços num ano difícil, cá estamos nós para nos reinventarmos, estamos cá e estaremos sempre, a vida não parou para nós”, garante Alexandra.

A presidente da coletividade admite a complexidade da pandemia e dos seus efeitos. “É um ano atípico, grande parte das associações não conseguiram ter um desenvolvimento das suas atividades de uma forma normal, o ano em que as Cavalhadas, desfile composto por vários carros alegóricos, e a Dança da Morgadinha, onde homens e mulheres vestem magníficos trajes, não puderam ir para a rua. Foi o manter da nossa cultura popular, recordando a Dança da Morgadinha que acontece em julho, que já vem dos nossos antepassados (século XIX), realidade importada do Brasil”, explica.

A confeção do vestido começou no dia 25 de julho e terminou no dia 20 de setembro com vários voluntários a ajudar: “20 pessoas diariamente, as equipas da estrutura metálica onde assenta o vestido e o grupo das costureiras que confecionou o vestido”, relembra Alexandra.

Agora, a Associação Cultural, Recreativa e Social de Teivas quer que o vestido da Morgadinha passe à frente do da Áustria, que em 2016 foi considerado pelo livro dos recordes como o maior do mundo.

“A candidatura ao Guiness começou em março, mantivemos mais ou menos em silêncio, mas quando em maio recebemos um email a dizer ‘candidatura aprovada’, deitámos mãos à obra ao vestido e fizemos um documento exigente de mais de 100 páginas”, recorda.

A associação “aguarda a atribuição do recorde”, porque cumpriu as dimensões exigidas. “Todas estas medidas são superiores ao recorde na Áustria em 2016, com 7, 03 metros e nós temos, 8, 01 metros”, realça.

E quem ainda não viu este vestido, pode vê-lo, não pode é experimentá-lo. “Podem passar no Palácio do Gelo e apreciá-lo, são mais de oito metros de altura, é considerável”, conclui Alexandra.