José Sousa, professor de História aposentado, residente em Carvalheda, concelho de Celorico da Beira, coleciona porta-chaves desde a década de 70 do século passado. São de marcas publicitárias ou de figuras políticas, passando pela geografia internacional, totalizando quase oito mil exemplares - 7.758, devidamente divididos por setores -, cada um com a sua história.

Estão pendurados no teto, nas paredes, em todo o lado, numa espécie de garagem que armazena o espólio de uma vida de porta-chaves. Aos 80 anos, José Sousa ainda se lembra do primeiro que ali foi parar: “Este, que é de Coimbra, que foi a minha mulher que me ofereceu, ainda solteiros.”

Casados há 56 anos, José e Dulce procuram sempre por novos porta-chaves. “Em feiras de antiguidades, saídas que fazemos, toda a gente sabe que ele colecionador e esse é o melhor presente, sabem que coleciona e oferecem”, conta ela.

Para o professor de História, os porta-chaves contam histórias. “O porta-chaves do Salazar, do Sá Carneiro, do Mário Soares, do Marcelo Rebelo de Sousa...”, diz, enquanto sobe a um escadote para ir retirando do teto alguns exemplares.

José diz que por ali há porta-chaves das localidades do país, do futebol, do setor do desporto, de marcas e firmas. “É o meu 'hobby', tenho alguns da ida do Papa João Paulo II ao Brasil, que ainda ele estava no Vaticano e eu já tinha os porta-chaves do Brasil na minha coleção”, revela.

José Sousa confessa que se indigna quando não encontra o porta-chaves que quer. “Fui ao Convento de Mafra e disseram-me que não tinham. Comprei lá um da Torre de Belém. Uma casa daquelas... Acho imperdoável não terem lá porta-chaves do Convento de Mafra”, desabafa, sem, contudo, deixar de avançar uma explicação para o facto: "Hoje, como há outros meios de divulgação dos produtos, dedicam-se menos aos porta-chaves”.

O "museu" dos porta chaves por enquanto fica localizado na própria habitação de José Sousa, mas o professor sonha com outros voos. "Não sabermos explorar o que temos, mas enfim...”.