Michel Platini, que fez as delícias dos adeptos do futebol na década de oitenta vestindo as camisolas da Juventus e da selecção francesa, transformou-se num farrapo de que nenhum compatriota seu se orgulha por estes dias.

Depois de suspenso por quatro anos pelo TAS por ter recebido indevidamente cerca de dois milhões de euros em pagamento de supostos serviços de consultoria prestados à FIFA, vê-se agora de novo nas mãos da justiça do seu país por suborno activo e passivo na atribuição do Campeonato do Mundo de 2022 ao Qatar, uma investigação que a Polícia de Investigação de Nanterre vai conduzir nos próximos meses.

É mais um escândalo que rebenta no mundo do futebol, depois de outros que se perdem no tempo e dos quais foram também protagonistas figuras de destaque mundial.

João Havelange, dirigente brasileiro que permaneceu largas décadas à frente dos destinos da FIFA, foi um dos primeiros a ser apontado.

Seguiu-se-lhe o suíço Joseph Blatter, que haveria de ser destituído do cargo acusado de actos de corrupção que minaram a credibilidade da instituição do futebol mundial.

Michel Platini foi um ídolo do futebol. Capitão da selecção do galo, ajudou a eliminar Portugal no campeonato da Europa de 1984 e, na mesma condição, ao serviço da Juventus, a vencer o Futebol Clube do Porto numa final inesquecível da extinta Taça dos Vencedores de Taças.

Porém, o astro francês não foi capaz de manter a auréola que alcançou enquanto praticante de muito alta qualidade.

Cai assim na lama da qual não ver capaz de se libertar, porque o estigma já o marcou para o resto da vida.

E é pena.