São diversos os campos de análise que se podem olhar após o cumprimento da jornada do fim-de-semana prolongado por que acabámos de passar. Dele emanam circunstâncias nem todas muito agradáveis, tanto pelo impacto que geraram nos seus momentos, como nas horas subsequentes em que a discussão alastrou a todo o país.

Desde logo uma nota muito positiva: num tempo em que o G-15, grupo dos 15 clubes da divisão maior que pretendem dar ao futebol uma aragem nova e diferente, dois treinadores de equipas desse organismo em formação, Miguel Cardoso, do Rio Ave, e Pepa, do Tondela decidiram, após o jogo que ontem disputaram, juntar-se e conceder, em simultâneo, a conferência de imprensa, que cada um deveria dar em separado, como é habitual.

Um gesto bonito, uma pedrada no charco nestes tempos muito conturbados por que passa o futebol português.

Tempos esses que se acentuaram ainda mais por via daquilo que aconteceu em diversos estádios do país, onde a violência assentou arraiais, com efeitos para já imprevisíveis, mas a que a justiça, toda a justiça, vai certamente, e como se exige, prestar especial atenção.

Caso contrário ter-se-ão dado mais alguns passos em direcção a um abismo que não se deseja, mas que poderá tornar-se inevitável nos tempos mais chegados.

Quanto ao jogo em si, aquilo que mais deveria interessar a todos, desde jogadores, técnicos, dirigentes e adeptos, chegaram também novidades. A de maior ressonância veio do estádio do Dragão onde o Benfica alcançou um empate pouco vaticinado antes pelo país da bola, e que, convenhamos, acabou por não reflectir a verdade do que se passou sobre o relvado.

Mas uma arbitragem infeliz, que também ajudou à “festa”, acabou por permitir que o clube da Luz não soçobrasse quando o campeonato ainda nem sequer chegou a meio, e ressuscitasse depois de ter andado em estado pré-comatoso durante semanas a fio.

Agora, com dois na dianteira, pois o Sporting ganhou mesmo com serviços mínimos, e a águia a voar por perto, parece que podemos voltar a ter campeonato.

Bom seria, no entanto, que também regressasse às hostes o bom senso e a tranquilidade, para seja, finalmente, possível falar apenas “de futebol e não do futebol”.