A ideia de criar uma cadeia de oração surgiu na paróquia de São Tiago de Almada, diocese de Setúbal, ainda durante a Quaresma. “Recebi muitos telefonemas, com um denominador comum: as pessoas diziam-me que estavam a rezar o terço todos os dias pedindo que a epidemia acabasse”, conta à Renascença o padre Marco Luís, que, já durante a Semana Santa ,viu nesta a melhor forma de prolongar a vivência do tempo Pascal.

A oração ininterrupta do terço começou na segunda-feira, 13 de abril. “Rezamos em rede, em blocos de 30 minutos. Cada pessoa, família ou comunidade é responsável por um bloco, como o dia tem 24 horas, são 48 blocos por dia. Há pessoas que demoram mais do que outras a rezar, mas para cada bloco definimos meia hora”, explica o sacerdote, que não esconde a satisfação pela forma como os seus paroquianos aderiram à iniciativa.

“Temos desde idosos a famílias que rezam juntas, jovens que escolheram as horas para rezar conforme os horários das aulas, casais conforme o teletrabalho”, conta.

Para além da colaboração dos utentes do lar, mais disponíveis para os horários durante o dia, agradece também o empenho das comunidades religiosas presentes na paróquia. “As irmãs do instituto Hesed e as do Verbo Encarnado foram determinantes para garantir as horas mais difíceis, principalmente a madrugada, para podermos começar com a certeza de que o terço ia mesmo ser rezado de forma ininterrupta. Porque são 24 sobre 24 horas, até 31 de maio”, refere.

Neste momento, a iniciativa já recebeu mais de 100 inscrições. “Não é uma centena de pessoas, são muito mais, porque há inscrições para cada 30 minutos, individuais, mas também de famílias inteiras, de casais, e há blocos de 30 minutos que já têm duplicação e triplicação, como há outros que só têm ainda uma pessoa”, explica.

As inscrições podem ser feitas por email ou através do telemóvel da paróquia (912015890) "que está disponível todo o dia”, adianta o padre Marco Luís, que não fecha a porta a quem quiser juntar-se, mesmo não sendo da paróquia de Almada. “Maioritariamente são, mas há pessoas de paróquias à volta que têm pedido para entrar, e estamos abertos a outras inscrições”.


A força da oração em rede

Lembrando que a oração “é essencial para quem reza e por quem se reza” e que tem a capacidade de “transformar os corações”, o padre Marco Luís confia que a recitação do terço ajudará a “iluminar realidades como esta do sofrimento que estamos a viver”.

“Não há nenhum problema no mundo que não se resolva com a oração do terço, dizia-nos a irmã Lúcia, e assim acreditamos. Aqui a nossa motivação foi rezar, e sabemos que não rezamos sozinhos. Fazemos parte, como disse o Papa Francisco, deste grande barco onde estamos todos e temos que nos ajudar uns aos outros. Foi essa a motivação, e queira Deus - seria bom! - que outras iniciativas assim se pudessem multiplicar”, afirma o sacerdote.

Sobre o período escolhido para esta cadeia de oração, explica que “vai até 31 de maio à noite, porque é a vigília de Pentecostes, e com duas intenções: pedir o fim da pandemia e que o Espírito Santo renove a face da terra”. E com ajudas ao longo de mês: “A de São José Operário, que celebramos a 1 de maio, a de Nossa Senhora de Fátima, a 13 de maio, e a de S. João Paulo II, grande apóstolo do Rosário, cujo centenário do nascimento vamos assinalar a 18 de maio”, explica o pároco de Almada.