Os bispos do Chile que compõem o Comité Permanente da Conferência Episcopal expressaram esta terça-feira a sua fidelidade ao Papa Francisco, num momento em que a Igreja está envolta em polémica devido a casos de abuso sexual cometidos pelo clero.

Numa carta enviada ao Papa, consideram que Francisco “está a receber ataques injustos como resultado de avaliações imprudentes e imputações injustas por parte de membros da mesma Igreja".

Este apoio surge no contexto das acusações contra o pontífice por parte do arcebispo Carlo Maria Viganò, ex-núncio da Santa Sé em Washington. Numa carta publicada a 26 de agosto, Viganò disse que o Papa Francisco reabilitou McCarrick no seu posto, embora soubesse desde 2013 das acusações contra ele e das sanções que Bento XVI lhe impôs.

Nessa linha, os bispos chilenos assinalaram: "observando a persistência de momentos difíceis, que também sofremos hoje, vêm à mente as palavras de São Paulo: ‘Que ninguém vacile por esses sofrimentos àqueles que, como vós, você sabe, estamos destinados.’"

Referindo-se à última carta do Papa ao “Povo de Deus”, expressaram a sua união no sofrimento, bem como a intenção de transformar dificuldades e opressão num tempo de oração e penitência.

A 31 de agosto, a Procuradoria Nacional do Chile informou que há atualmente 167 pessoas acusadas e 178 vítimas quantificadas em 119 investigações abertas sobre abuso sexual por parte de elementos do clero. Além disso, entre o total de vítimas, 79 eram menores no momento em que os eventos ocorreram.

No início de agosto, num gesto de transparência da Igreja chilena, o Comité Permanente da Conferência Episcopal do Chile publicou uma lista com os nomes de 43 padres e um diácono condenado, pela justiça civil ou canónica, por abuso sexual de menores.

Na segunda-feira, também os bispos portugueses manifestaram "total apoio" ao Papa Francisco, numa carta enviada ao líder da Igreja Católica, em que se declaram disponíveis para seguir as suas orientações para erradicar a "chaga" do abuso de menores por padres.