A Arquidiocese de Braga quer leigos a presidirem às exéquias e a acompanharem as famílias em luto.

O objetivo é assumido pelo responsável pelo Departamento da Pastoral da Saúde, padre Jorge Vilaça e coordenador do projeto “Despertar Esperança no Luto” que aposta na formação dos agentes pastorais para a celebrações exequiais, uma prática “já comum noutras dioceses”, acrescenta.

“Braga tradicionalmente ainda não concebe exéquias sem missa ou sem padre, mas temos de nos preparar para isso. As exéquias não são um sacramento, não têm que ter padre”, explica o sacerdote que adianta que o objetivo é “preparar especialmente” as pessoas para as celebrações exequiais, mas também para a “acompanharem as famílias no momento de luto”.

O que é o luto? Quando e como estar presente? São algumas das questões a que a preparação da Pastoral da Saúde pretende dar resposta. “Queremos ajudar a perceber como estar próximo, mas não invadir”, explica o responsável, que reconhece que este é um processo que exige “sensibilidade aguçada”. Até porque “cada luto é único” e nem sempre tem que ver com a morte, alerta. “Quando há um vínculo que se perde, há sempre um luto”.

Inserida no âmbito do programa deste ano pastoral, dedicado a “despertar esperança”, a iniciativa está a percorrer as paróquias da arquidiocese num itinerário de formação dos agentes pastorais para que possam ajudar a “despertar a esperança no luto”.

Mas Braga não é a única diocese a olhar com maior atenção para o luto e tudo o que o envolve.

A paróquia de Nossa Senhora do Amparo e da Matriz, em Portimão, inauguraram grupos de apoio a pessoas a atravessar períodos de perda e de luto, garantindo acompanhamento técnico por profissionais. No caso da paróquia da Matriz, trata-se de um serviço específico para pais que perderam filhos.

Em declarações ao jornal diocesano “Folha de Domingo”, o padre Mário José Rodrigues de Sousa diz que “ninguém poderá compreender verdadeiramente a dor que significa [perder um filho], a não ser quem se encontra na mesma trágica situação”, acrescentando que “o objetivo é que se sintam acompanhadas por outras pessoas que entendem verdadeiramente o seu sofrimento, para que juntas possam viver uma situação, que é humanamente tão difícil, à luz da fé e da esperança”.

Já na paróquia de Nossa Senhora do Amparo, o serviço começou há três anos e por iniciativa da técnica que agora acompanha o grupo, que é de natureza fluida, como explica o padre Frederico de Lemos ao mesmo jornal diocesano. “A proposta foi feita pela psicóloga e pareceu-nos que era um serviço que se podia abrir”.

“Não é bem um grupo. Há pessoas que aparecem uma vez e voltam três meses depois, outras que aparecem uma vez e já não voltam e outras que são regulares”, explica.

“Procura-se ajudar as pessoas enquanto precisam de falar daquilo que estão a viver e ao mesmo tempo a ouvir outros que vivem situações semelhantes”, conclui.