O cardeal patriarca de Lisboa lembrou este sábado a alegria com que o padre Dâmaso Lambers, falecido na quinta-feira, falava sempre de Deus e da importância do testemunho de vida que deixou.

“Falava de Jesus Cristo com tanta intensidade, com tanta vida e fulgor, que aquilo saia-lhe lá de dentro como algo de profundamente seu, assimilado e autêntico. Daí o seu entusiamo”, afirmou D. Manuel Clemente na homilia da missa de corpo presente que celebrou, esta manhã, na igreja de Nossa Senhora do Amparo, em Benfica.

Referindo-se a vários dos momentos que marcaram a vida do sacerdote nascido na Holanda mas que se naturalizou português, o cardeal recordou a forma próxima e entusiasmada com que o padre Dâmaso falou sempre de Deus aos microfones da Renascença, e que marcou várias gerações.

“De dia, e às vezes já de noite, lá tínhamos o padre Dâmaso com aquela alvorada evangélica com ele nos sacudia”, lembrou, destacando como o sacerdote não se cansava de dizer aos ouvintes que “Jesus é fantástico”.

“Há uma palavra que ele repetia muitas vezes, ‘fantástico’. E quando nós o ouvíamos sabíamos qual era o significado, o conteúdo e a sustância deste ‘fantástico’. Fantástico significa, entre outras aceções, aquilo que tem tal valor que nos fascina. E não era uma ‘coisa’ para o padre Dâmaso, era Jesus Cristo”, acrescentou o patriarca, para quem o ‘padre das prisões’, como também era conhecido, foi um “magnífico exemplo” e deixa um “testemunho forte do que é a vida de Jesus Cristo quando é verdadeiramente apanhada. Porque quando se começa nunca mais se acaba quando o caminho é Jesus Cristo. E no caso do padre Dâmaso era fantasticamente assim”.

Para D. Manuel Clemente estamos perante alguém que dedicou a sua vida aos outros, e em que tudo o que fez foi por amor a Deus.

“Isso nele era muito flagrante. Saía-lhe espontaneamente porque estava no seu coração, essa consciência de que, estivesse onde estivesse, não estava por ele mas por Aquele que lhe enchia a vida e depois lhe transbordava em palavras e em atitudes”, afirmou ainda o cardeal durante a homilia desta missa de corpo presente, cujas leituras foram previamente escolhidas pelo próprio padre Dâmaso, que pediu que este não fosse um momento triste.

“Ele quis que esta celebração fosse de ação de graças, não fosse de pesar, mas já cheia de ressurreição. Daquela ressurreição garantida a quem vive com Cristo, morre com Cristo e com Cristo vive eternamente”, lembrou D. Manuel Clemente.

O funeral do padre Dâmaso Lambers segue, este sábado, de Lisboa para a casa mortuária de Alcabideche, onde será cremado no cemitério local, às 18 horas. Antes, pelas 16h30, ainda passará pela prisão do Linhó, onde lhe será prestada homenagem pelo importante legado que deixou ao nível da pastoral penitenciária.