O Patriarca de Jerusalém da Igreja Greco-Ortodoxa teve uma recepção violenta na noite de sábado para domingo quando foi a Belém celebrar o Natal, que para muitas igrejas orientais se assinala este domingo, dia 7 de Janeiro.

Dezenas de manifestantes, cristãos e muçulmanos palestinianos de várias cidades, esperaram pela chegada do Patriarca Teófilo III e gritaram palavras de ordem, lançando ovos e pedras contra os carros que compunham a sua comitiva. Três dos carros, embora não a que transportava o Patriarca, ficaram com os vidros partidos.

Em causa está o desagrado com uma série de negócios de venda de terreno levados a cabo pelo Patriarcado, nomeadamente a investidores israelitas e judeus. Os palestinianos vêem com maus olhos a venda de territórios na Palestina a israelitas, vendo-o como uma ameaça à constituição de um estado funcional. O baixo preço de algumas das vendas está a originar suspeitas e acusações de corrupção nos negócios.

O Patriarcado defende-se, dizendo que tem de vender alguns bens para pagar dívidas acumuladas.

O Patriarca acabou por conseguir chegar a Belém, onde celebrou a divina liturgia da noite de véspera de Natal, equivalente à Missa do Galo na Igreja Católica, sob escolta da polícia palestiniana, mas não sem antes ouvir os gritos de “traidor” que lhe foram dirigidos pelos manifestantes. Israel tinha-se oferecido para proteger a comitiva do Patriarca, o que implicaria uma intervenção em território palestiniano, mas tal acabou por não ser necessário.

Mahmoud Abbas, Presidente da Autoridade Palestiniana, esteve presente na liturgia, como é seu hábito, num gesto de proximidade para com os cristãos palestinianos, mas devido à contestação ao Patriarca recusou o tradicional jantar com Teófilo.

Cerca de metade dos cristãos da Terra Santa são fiéis da Igreja Greco-Ortodoxa, com a outra metade a pertencer à Igreja Católica, seja de rito latino ou de rito oriental. Mas a contestação à hierarquia ortodoxa tem crescido de tom ao longo dos últimos anos, em parte devido a negócios obscuros envolvendo terrenos quer pelo facto de a hierarquia continuar a ser essencialmente composta por bispos estrangeiros, gregos ou de etnia grega, apesar de a maioria dos sacerdotes e dos fiéis serem de língua árabe.

A contestação à hierarquia já levou à deposição de Ireneu I, o antecessor de Teófilo.