O bispo da diocese de Leiria-Fátima disse este sábado que é preciso despartidarizar a questão dos incêndios.

Na conferência de imprensa de abertura da peregrinação de Agosto, D. António Marto considerou este problema “uma causa nacional” e disse que não se deve permitir “que ninguém o instrumentalize”. Por isso, em “nome pessoal”, apelou a que “a mais alta instância representativa da nação que é o senhor Presidente da República, com a sua responsabilidade, com a sua arte de diálogo, com a sua capacidade de fazer consensos e convergências que seja ele a assumir esta mobilização, esta conjugação de energias ou sinergias e que não deixe cair no esquecimento esta causa.”

Depois de recordar a nota pastoral que os bispos portugueses emitiram em Abril passado sobre o assunto, D. António Marto apontou os erros que, mais uma vez, originam o cenário que se vive. Para o bispo “é a questão do ordenamento, territorial, do ordenamento florestal, da limpeza, dos meios de prevenção, dos recursos, estarem preparados com meios aéreos e terrestres também, porque depois ouvimos as queixas de que falta isto ou aquilo, é a questão do sistema de comunicações, do Siresp”, considerando que “essas coisas deviam estar todas prontas para serem accionadas em cima do momento e ter a certeza de que funcionam.”

Na conferência de imprensa, o bispo manifestou também “uma palavra de solidariedade para com todas as vítimas dos incêndios, com todos aqueles que os têm combatido e combatem, com uma grande abnegação, pondo em risco a própria vida e com profissionalismo mesmo, sobretudo os bombeiros.”

Anunciando que, “teremos em conta esta intenção na nossa peregrinação”, D. António Marto dirigiu ainda uma palavra de “louvor para as inúmeras iniciativas e manifestações de solidariedade, de generosidade, de partilha que têm surgido entre nós, o nosso povo, seja a nível das comunidades cristãs seja a nível civil.”

Nesse sentido, o bispo revelou que, segundo a Cáritas Portuguesa, a conta solidária da campanha “Cáritas com Portugal abraça as vítimas dos incêndios”, totaliza 1.704.813 euros. Desta verba “estão cativos 1,3 milhões para a Cáritas Diocesana de Coimbra, que anunciou assumir a construção e reconstrução de 40 casas de primeira habitação para agregados familiares mais carenciados”. “A restante verba”, anunciou o bispo, “está destinada à Cáritas Diocesana de Portalegre-Castelo Branco para a construção de oito das 14 casas de primeira habitação identificadas para já no concelho de Mação.”

Quanto ao ofertório do dia 2 de Julho passado que os bispos anunciaram iria reverter para ajudar as populações afectadas pelos incêndios, D. António Marto manifestou-se satisfeito com o resultado. Neste momento, “o contributo directo desses ofertórios totaliza 917.221 euros” mas nem todas as recolhas foram ainda entregues pelo que o bispo espera que o total venha a ultrapassar 1 milhão. Números que levaram o bispo a “salientar a generosidade do nosso povo com as vítimas desta catástrofe”.