Bento XVI agradece a “benevolência” com que o actual Papa o tem tratado e garante que a obediência ao seu sucessor “é indiscutível” e que “nunca esteve em causa”.

Em entrevista ao “La Republica”, o Papa Emérito revela que desde o primeiro momento que ficou “profundamente sensibilizado” pela “extraordinária disponibilidade humana” de Francisco, que lhe telefonou assim que foi eleito. Entre ambos existe uma relação “maravilhosamente paterna-fraterna. Aquilo que [Francisco] diz em relação à disponibilidade para com as outras pessoas não são só palavras: coloca-o em prática comigo”, sublinha.

Sobre a renúncia ao pontificado, Bento XVI revela que tomou a decisão depois da viagem que fez ao México e a Cuba, em 2012. Diz que experimentou nessa altura “os limites” da sua resistência física, e teve a consciência clara de que não seria capaz de ir no ano seguinte à Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro.

A entrevista resulta de uma conversa de Bento XVI com Elio Guerriero, responsável pela edição em italiano das suas obras completas. A entrevista que vai integrar a nova biografia do Papa emérito, ‘Servidor de Deus e da humanidade’ (Mondadori), com chegada prevista às bancas para 30 de Agosto, e cujo prefácio é assinado pelo Papa Francisco.

Além da nova biografia, em Setembro vai ser publicada outra obra dedicada a Bento XVI, intitulada ‘Last Testament: In His Own Word’ (Último Testamento: nas suas próprias palavras), em que o Papa emérito percorre vários temas do seu pontificado, em colaboração com o jornalista alemão Peter Seewald.