O Papa Francisco suspendeu o bispo da diocese de Agana, a única da ilha de Guam, no Pacífico, que é acusado de ter abusado sexualmente de pelo menos duas pessoas, nos anos 70.

O arcebispo Anthony Sablan Apuron tem 70 anos e dirige a diocese há três décadas.

Recentemente o jornal local “Pacific Daily News” publicou as acusações, incluindo a de Roy Taitague Quintanilla, de 52 anos, que diz que foi abusado pelo agora bispo quando era ainda criança. “Nesse dia chorei, e tenho estado a chorar desde então”, afirmou.

Entretanto uma mulher veio a público acusar o bispo de ter abusado do seu filho, que lhe terá admitido os factos antes de morrer.

A arquidiocese começou por combater as acusações, ameaçando processar quem as tornasse públicas, mas isso não impediu o diácono Steve Martinez, ex-responsável precisamente pelo departamento que lida com casos de abuso, de apontar o dedo ao arcebispo.

Afirmando que Apuron tinha feito tudo para dificultar as investigações, Martinez diz que “o seu esforço por auto-preservação cegou-o ao mandamento de proteger. Lamento dizer que hoje os meus piores pesadelos tornaram-se realidade”.

A arquidiocese de Agana acusa Martinez de participar numa campanha para denegrir o bispo, mas o Papa Francisco suspendeu Apuron e enviou de Roma o bispo Savio Hon Tai-Fai, natural de Hong Kong e número dois da Congregação para a Evangelização dos Povos, para administrar a diocese enquanto decorre o processo contra o arcebispo.

Este caso no Guam surge apenas dias depois de Francisco ter publicado um decreto que permite ao Vaticano remover do cargo qualquer bispo que seja acusado de ter encoberto ou impedido a investigação de casos de abusos sexuais por parte de clérigos ou funcionários da Igreja, mas o caso de Apuron não se enquadra nessa legislação, uma vez que é o próprio que é acusado de ter abusado.