O arcebispo de Boston, cardeal Sean O’Malley, elogiou o filme “Spotlight” que venceu o Oscar de melhor filme na cerimónia do passado domingo.

“Spotlight” retrata a forma como os jornalistas do “Boston Globe” revelaram o escândalo de abusos sexuais de menores que envolvia clero da Igreja Católica, bem como a forma como as autoridades estavam a encobrir os casos.

Para Sean O’Malley trata-se de uma obra “importante para todos os que foram impactados pela tragédia dos abusos sexuais do clero”.

O cardeal elogia também os próprios jornalistas retratados no filme: “Ao fornecer reportagens aprofundadas sobre a crise de abusos sexuais praticados por membros do clero, os media obrigaram a Igreja a reconhecer os crimes e os pecados dos seus funcionários e começar a lidar com as suas falhas, com o mal cometido contra as vítimas e as suas famílias e as necessidades dos sobreviventes”.

Numa democracia como a nossa, o jornalismo é essencial para a nossa forma de vida. O papel dos media na revelação desta crise de abusos sexuais abriu uma porta que a Igreja atravessou, na resposta às necessidades dos sobreviventes”.

O escândalo dos abusos sexuais e respectivo encobrimento foi particularmente grave na diocese de Boston, levando à detenção de várias pessoas e à resignação do então cardeal Law. O’Malley, que antes de ser bispo era monge franciscano, foi chamado para assumir as rédeas da diocese numa altura em que esta estava num estado caótico e em bancarrota, por causa das indemnizações que teve de pagar às vítimas.

A forma como o cardeal lidou com o assunto foi vista como exemplar e a sua abordagem de “tolerância zero” tem sido replicada em muitas outras dioceses. O’Malley é actualmente o principal conselheiro do Papa Francisco para este assunto.

Para além de melhor filme, “Spotlight” venceu o Oscar de melhor argumento original. Os louvores ao filme não se ficaram por Boston, com o jornal do Vaticano L’Osservatore Romano, a publicar uma crítica muito positiva na sua edição de segunda-feira.