O presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa reconhece que há razões para fechar algumas mesquitas radicais em França. A medida está a ser estudada pelo Governo de Paris.

Em declarações à Renascença, Abdool Vakil admitiu que há fanatismo de alguns pregadores muçulmanos, mas não em Portugal. “Não me admiro com isso. Há alguns imãs que são muito 'fanáticos', é isto que eu sinto. O imã não deve ser fanático. Percebo quando querem fechar uma mesquita porque está lá um imã que incita pessoas à violência. É natural. Felizmente em Portugal não temos isso”, disse.

Abdool Vakil acrescenta que “os muçulmanos em Portugal estão bem integrados, ao contrário do que acontece em alguns países, nomeadamente em França”. "Talvez seja a lusofonia que nos une".

Apesar disso, Vakil refere que "é preciso" mais gente para ler o Alcorão da maneira correcta, incluindo em Portugal. "O próprio Alcorão critica aqueles que lêem, mas não percebem".

Nesta entrevista à Renascença, o presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa diz-se “magoado, horrorizado” com os atentados de Paris. “O Islão é paz. Matar o outro não é do islão, nem do cristão nem do judeu”.

Sobre os terroristas de Paris, Vakil refere que “essas pessoas, que nem são muçulmanas e foram convertidas à pressa, não conhecem o Islão”. “As pessoas que estão a aliciar esses jovens encontram formas de marketing para os aliciar para o sucesso e a alguns até prometem o paraíso se morrerem”, lamenta.

O mundo precisa que o chamado “Islão moderado” ganhe força. E o que é o “Islão moderado”? “É o Islão verdadeiro”, acrescenta Abdool Vakil. "Qualquer religião verdadeira é moderada". "O equilíbrio está em pregar a mensagem que está contida nos livros sagrados".

Abdool Vakil confirmou ainda que a comunidade islâmica vai organizar no próximo domingo uma oração inter-religiosa pela paz, a partir das 13h00, na Mesquita de Lisboa.