O Papa voltou a pronunciar-se contra os excessos das sociedades contemporâneas. Na audiência-geral desta quarta-feira, no Vaticano, Francisco insurgiu-se contra o facto de muitos gastarem de mais, enquanto outros passam fome e lamentou a fraca convivência familiar.

Na mensagem dirigida aos cerca de 20 mil fiéis e peregrinos que marcaram presença na Praça S. Pedro, Francisco considerou que “a convivência é um termómetro seguro para medir a saúde das relações: se na família alguma coisa não está bem, ou há uma ferida escondida, à mesa, percebe-se logo”.

“Uma família que quase nunca come em conjunto ou que, à mesa, não fala mas vê a televisão ou olha para o ‘smartphone’, é uma família ‘pouco família’. Quando os filhos, à mesa, estão agarrados ao computador, ao telemóvel e não se ouvem uns aos outros, isto não é família, é uma pensão”, acrescentou.

Ainda a propósito da imagem de uma família reunida à mesa, o Papa Francisco lembrou ainda a desigualdade a nível global no acesso aos alimentos.

“Nos países ricos somos induzidos a gastar dinheiro para comer excessivamente e, depois, somo-lo de novo para remediar o excesso. Este negócio insensato desvia a nossa atenção da verdadeira fome do corpo e da alma. Quando não há convivência, há egoísmo, cada um só pensa em si, ajudado pela publicidade que a reduziu a uma linguagem de lanches e guloseimas, enquanto tantos, demasiados irmãos e irmãs, ficam fora da mesa. Isto é uma vergonha!”, rematou.

Para o Papa argentino, a Eucaristia de uma “Igreja familiar” é capaz de restituir à comunidade a “levedura activa e a hospitalidade mútua”: “É uma escola de inclusão humana.”