Os terroristas do grupo jiadista al-Shabab, que tem a sua sede na Somália, procuraram especificamente os estudantes cristãos durante o massacre levado a cabo na Universidade de Garissa, no Quénia, que resultou na morte de perto de 150 pessoas.

Depois de terem entrado no espaço das residências, os terroristas começaram a ir porta-a-porta a perguntar aos alunos qual era a sua religião, matando os cristãos no local e deixando os muçulmanos. A maioria dos quenianos são cristãos, mas há uma minoria muçulmana de cerca de 10% da população.

Collins Wetangula, um dos alunos, escapou com vida mas esteve muito próximo de ser fuzilado, admite.

Em entrevista à Associated Press, o aluno diz que se trancou no quarto com mais três amigos quando começaram a ouvir os disparos. “Só conseguíamos ouvir passos e tiros. Ninguém gritava, para não denunciar a sua posição”.

“Os atiradores estavam a dizer ‘Sisi ni al-Shabab’, que significa ‘Somos da al-Shabab’ em suaíli, um dialecto falado naquela região de África.

Collins diz que conseguia ouvir os terroristas a abrir as portas dos quartos e a perguntar às pessoas que estavam escondidas lá dentro qual era a sua religião: “Se fosses cristão eras morto imediatamente. Com cada tiro que ouvia pensava que ia morrer”.

Foi então que os tiroteios intensificaram e os estudantes viram chegar homens fardados, que se identificaram como militares do exército queniano, conseguindo então fugir.

Os soldados acabaram por matar quatro dos jiadistas e um quinto terá sido capturado quando tentava fugir.

Apesar de operar sobretudo na Somália, onde procura impor um regime islâmico, o Al-Shabab tem feito várias incursões no Quénia, incluindo o ataque ao centro comercial Westgate, em Setembro de 2013, que fez 67 mortos e centenas de feridos. Os ataques ao Quénia, que o grupo garante serem para continuar, são uma represália pela intervenção de forças quenianas na Somália ao longo dos últimos anos.