“Olha-se para a esquerda, a direita fica fula, olha-se para direita a esquerda fica zangada. Por isso o melhor é olhar para o centro”. Foi logo à entrada da Escola Portuguesa de São Tomé e Príncipe que o Presidente da República mandou uma das suas já características “bocas”. Recados que, lançados no estrangeiro, podem ter leituras nacionais.

Marcelo Rebelo de Sousa pousava para as fotografias à entrada da escola e, perante as insistências de “olhe para aqui, olhe para aqui”, o Presidente mandou o recado do centro. A visita e inauguração formal da escola portuguesa (que já funciona há um ano, foi o primeiro ponto do segundo dia da visita de Estado de Marcelo Rebelo de Sousa, um dia cheio sobretudo de iniciativas ligadas à educação.

A escola – situada num edifício que, há 18 anos, quando Jorge Sampaio fez a última visita de Estado, era uma escola diocesana – foi o palco para mais uma festa preparada para o Presidente português e também promovida por ele. Marcelo voltou a dançar – desta vez com alunas da escola e por duas vezes – e entrou em várias salas e aula.

Numa das salas aproveitou também para fazer uma ligação com a política. Perante alunos do 6º ano que, na aula de Português, iam estudar um texto sobre uma menina que pratica Karaté, o Presidente disse que conhece vários homens que, em Portugal, foram ou são karatecas e considera que essa experiência os molda para a vida e para o que fazem enquanto profissionais.

“Foram na vida médicos, por exemplo operadores, cirurgiões, foram empresários e foram políticos. O que é que carateriza todos eles? São aparentemente muito calmos, controlam-se muito bem e depois na altura devida fazem o que têm de fazer : o operador tem de ser muito seguro na mão, o empresário tem de ser muito seguro na decisão tomada e o político tem de ser muito certeiro”, disse Marcelo com aquele ar de quem está a falar para mais do que a sua audiência física.

Noutra sala, onde alunos mais velhos se preparavam para aula de Geografia, falou da importância das alterações climáticas e lamentou que outros políticos e pessoas importantes neguem as alterações climáticas e os seus efeitos.

Também na sala em que falou com os professores, quis deixar recados. Elogiou o trabalho e o esforço de todos os professores, que considera nem sempre ser compreendido e lamentou que os ministérios da Educação, tanto em Portugal como em São Tomé, imponham tanto trabalho burocrático, tantos relatórios aos docentes.

Depois da escola portuguesa, o Presidente seguiu para Universidade, onde, uma conversa com alunos e professores, alertou para a mudança e para estarem preparados para uma vida de constante mudança. “Vão viver mais tempo e mais aceleradamente”, e em constante mudança disse Marcelo Rebelo de Sousa, pelo que o que de mais importante os alunos levam da universidade é a capacidade para resolver problemas.

“Têm de aprender a resolver problemas e aprender procurando o vosso equilíbrio entre o intelectual, o sentimental e o político”, recomendou o Presidente, que continua a gostar de se apresentar como professor e que também avisou os alunos de que o último sitio onde vão ter exames com hora marcada é na universidade.