Foi uma visita guardada em segredo e só anunciada à comunicação social quando o primeiro-ministro, António Costa, já estava no ar a caminho de Bangui, a capital da República Centro-Africana, onde vai visitar os cerca de 160 militares portugueses que fazem parte da missão de estabilização das Nações Unidas naquele país.

Com António Costa viajaram o ministro da Defesa, José Azeredo Lopes, e o chefe de Estado Maior das Forças Armadas, Artur Pina Monteiro. Os três vão jantar no aquartelamento das forças portuguesas em Bangui, onde vão também pernoitar.

Portugal tem, desde Janeiro, 160 militares integrados na Missão de Estabilização das Nações Unidas na República Centro-africana (Minusca). São, sobretudo, esses que vão ser visitados pelos responsáveis políticos e militares. “Os governantes conhecerão directamente no terreno as circunstâncias que envolvem a missão daquela que é a primeira força nacional destacada para a RCA e terão a possibilidade de partilhar um pouco do quotidiano dos militares”, lê-se na nota do gabinete do primeiro-ministro.

O contingente português na Minusca tem 156 militares do Exército, 90 dos quais com a especialidade “Comandos", e quatro da Força Aérea Portuguesa.

A esses acresce ainda um destacamento de oito militares portugueses na missão de aconselhamento e treino da União Europeia. Essa missão tem a função de aconselhar e assessorar as autoridades militares da República Centro-africana no processo de transformação das forças armadas num exército profissional, democraticamente controlado e etnicamente representando. Portugal participa nessa missão desde o primeiro semestre de 2016.

A participação de Portugal na Minusca tem o prazo de um ano, podendo ser renovada por iguais períodos de tempo, e foi decidida na sequência dos atentados de Paris em Novembro de 2015. Depois dos atentados, França fez um pedido de assistência aos Estados membros da União Europeia e foi pedido a Portugal que participasse com meios militares de apoio ao contingente francês já empenhado na RCA no âmbito da Minusca, que tem mandato até Setembro focado, sobretudo, na protecção de civis, na protecção de pessoal, instalações e equipamento das Nações Unidas, no desarmamento, desmobilização e reintegração das partes em conflito naquele país há vários anos.

Depois de anos de guerra civil, que terminou em 2007, em 2012 novos conflitos voltaram á República Centro-Africana, nomeadamente entre milícias da minoria muçulmana e da maioria cristã. Mas as divisões são não só religiosas, mas também étnicas.

Em 2014, Catherine Samba-Panza foi eleita pelo Conselho Nacional de Transição da República Centro-Africana como presidente interina do pais, iniciando um novo período de tentativa de paz, mas que tem sido muitas vezes interrompido por períodos de maior violência. Ainda assim, foi possível em Novembro de 2015 o Papa francisco visitar Bangui e iniciar, simbolicamente, naquele país o Ano da Misericórdia.