A centenas de quilómetros de distância, Pedro Passos Coelho e Marcelo Rebelo de Sousa mantiveram, esta segunda-feira, uma troca de argumentos na praça pública sobre o papel do Presidente da República.

Da parte da manhã, numa conferência do jornal económico digital ECO, num hotel de Lisboa, o líder do PSD foi confrontado com o apoio do Presidente da República ao Governo do “optimista” assumido António Costa.

Passos começou por responder que “ainda bem que ele [Marcelo Rebelo de Sousa] não é líder do PSD”.

O líder da oposição comparou Marcelo ao ex-Presidente Cavaco Silva, no apoio e cooperação manifestados ao Governo de José Sócrates, mas reconheceu que há uma evidente diferença de estilos.

E está Marcelo a ir longe demais no apoio a António Costa? Para Passos Coelho, isso “só pode ser avaliado pelo próprio e eventualmente por quem votou nele”. E como foi esse o caso, considera que Marcelo “está a cumprir com aquilo que tinha dito que ia fazer" e "tem-se esforçado para ajudar a criar condições de estabilidade”.

Da parte da tarde, numa visita à Covilhã no âmbito da iniciativa “Portugal Próximo”, Marcelo Rebelo de Sousa deu “toda a razão” a Passos: o PSD está entregue "a quem os social-democratas escolheram" e o Presidente da República não poder acumular a chefia do Estado com a liderança do partido. Recordou ainda o Congresso do PCP, que se realizou no passado fim-de-semana, em que a liderança do Partido Comunista "ficou bem entregue, porque é uma decisão das bases" do partido. "O mesmo se passa com o PSD", notou.

Marcelo admite que, apesar de essa atitude lhe valer críticas, “é a pessoa mais distendida de Portugal por natureza” e trata todos os partidos da mesma maneira.

“O Presidente não pode ter amuos, não pode gostar mais de uns portugueses do que dos outros”, rematou.

Em relação ao apoio ao Governo do socialista, Marcelo diz que se limita a “cumprir meticulosamente” a Constituição da República e que vai tentar criar "todas as condições para que ele possa realizar os objectivos nacionais".