Ferro Rodrigues diz que o discurso que Cavaco Silva fez na véspera da sua eleição para presidente da Assembleia da República foi determinante para ter conseguido a unidade de votos à esquerda.

"[Cavaco] Fez um discurso contra a nova maioria na véspera da minha eleição, que eu acho que contribuiu bastante para a unidade de todas as bancadas de esquerda no voto secreto para eu ser presidente da Assembleia da Republica”, diz Ferro, entrevistado no Terça à Noite da Renascença.

A eleição de Ferro Rodrigues para aquela posição foi inédita, uma vez que a tradição ditava que o presidente da Assembleia fosse alguém eleito pelo grupo parlamentar com mais deputados, que neste caso era o PSD.

A segunda figura da hierarquia do Estado diz ter uma relação "excelente" com Marcelo, chegando a defini-la como única na história da democracia.

“A relação entre o presidente do Parlamento e o Presidente da Republica é uma relação excelente e é uma relação de um ritmo e de uma intensidade que penso que nunca existiu na democracia portuguesa", afirma.

Ferro Rodrigues destaca que isso é tanto mais curioso quanto “a maioria que elegeu este Presidente é uma maioria diferente da que elegeu o presidente da Assembleia. "E eu acho que isso é muito positivo”, remata.

Convidado para a edição desta semana do programa Terça à Noite, da Renascença, Ferro Rodrigues desvaloriza a polémica das viagens pagas pela Galp a membros do Governo e deputados para assistirem a jogos do Europeu, considerando que essa foi “uma história mal explicada”.

Ainda sobre as polémicas das últimas semanas, o responsável socialista diz que não “ficou chocado” com as declarações de Mariana Mortágua numa reunião com socialistas, argumentando que é preciso distinguir “o estilo da substância”.