Veja também:


O PS e o Bloco de Esquerda (BE) tiveram uma reunião "muito interessante" na qual foi possível identificar "matérias passíveis de convergência", afirmou esta segunda-feira o secretário-geral socialista, António Costa, à saída de um encontro com responsáveis bloquistas na sede do BE, em Lisboa.

Catarina Martins, porta-voz do Bloco, foi mais longe: no que depende do partido, "o governo de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas acabou" porque há "outra solução de Governo" integrando as prioridades do Bloco - "emprego, salários e pensões".

"É prematuro" dizer que é "possível" um acordo entre PS, Bloco e PCP, mas "é seguro dizer que há condições para que esse acordo possa ser possível", declarou, minutos antes, António Costa.

"Tivemos com o Bloco de Esquerda uma reunião muito interessante, onde foi possível identificar de modo positivo um conjunto de matérias passíveis de convergência entre os dois partidos. Quanto às divergências, elas são públicas e não faz sentido debatê-las. O que faz sentido é trabalhar no novo quadro parlamentar para que o país possa ter um Governo estável e que corresponda à vontade popular no sentido de que exista uma alteração de política no respeito escrupuloso pelo quadro constitucional", acentuou o líder socialista.

Agora, afirmou Costa, é tempo de desenvolver "trabalhos técnicos" para "limar divergências" e "aproximar posições".

Governo "acabou"

Catarina Martins, a porta-voz do Bloco de Esquerda, foi mais longe no balanço da reunião: "Pela nossa parte, estou em condições de dizer que, no que depende do Bloco de Esquerda, o governo de Pedro Passos Coelho e Paulo Portas acabou hoje."

A bloquista diz que a reunião com o PS permite antecipar a formação de um Governo que "rompa o ciclo da direita" e de "orçamentos inconstitucionais" e que "possa respeitar o emprego, o salário e as pensões". Bandeiras como a renegociação da dívida não estão entre as prioridades, esclareceu Martins.

"Estão criadas as condições de consenso básico", reforçou. Questionada pela Renascença sobre se essas condições podem esbarrar na posição que o Presidente da República vai tomar, a bloquista afirmou ter "uma divergência" com Cavaco: a "estabilidade" que o Presidente tanto deseja passa por ter um Governo que respeite a Constituição.

Reuniões e cenários

A reunião entre os responsáveis do PS e do Bloco Esquerda deu o pontapé de saída numa semana que pode ser decisiva para a formação de Governo.

vários cenários possíveis para a formação de Governo, desde um acordo entre PS e a coligação PSD/CDS para a viabilização do programa do Governo e o Orçamento do Estado a uma “maioria absoluta” de esquerda.

O secretário-geral socialista reúne-se ao início da tarde, às 14h30, para uma reunião com o PAN (Pessoas, Animais e Natureza), que elegeu pela primeira vez um deputado.

Às 16h00, o secretário-geral socialista vai a Belém para uma audiência com o Presidente da República, num encontro que acontece seis dias depois de Cavaco Silva ter recebido em Belém o líder do PSD, Pedro Passos Coelho.