Um incêndio durante a madrugada no centro associativo auto-gerido Csa a Gralha (Porto), perto da zona onde imigrantes foram agredidos por homens de cara tapada, está a ser investigado por suspeita de fogo posto, disse este domingo fonte policial.

Fonte da PSP do Porto adiantou à agência Lusa que o alerta de incêndio foi dado hoje, pelas 05:00, e que por haver suspeita de fogo posto foi acionada o piquete da Polícia Judiciária ao local.

"Há uma mulher suspeita", acrescentou a mesma fonte policial.

Na página da rede social Instagram, o centro social auto-gerido Csa a Gralha refere que foi algo de "um violento ataque que provocou inúmeros danos materiais", designadamente a "destruição da porta e da montra, tentativa de incêndio da biblioteca social, incêndio de publicações informativas/políticas/associativas e destruição parcial da zona da cozinha".

A biblioteca social da Casa a Gralha é um espaço de construção coletiva, com obras sobre temas como o feminismo, sexualidade, antirracismo, economias e anticapitalismo, contracultura, anarquismo, movimentos sociais, ecologia, entre outros.

"Estamos neste momento a contabilizar os danos, a definir estratégias para colmatar as despesas imediatas e reorganizar o espaço. Contamos com a vossa solidariedade", lê-se no texto da instituição, que disponibiliza ainda o número de uma conta bancária.

O centro social fica localizado na Travessa Anselmo Braamcamp, na zona do Bonfim, no Porto, perto do local onde, em 05 de maio, ocorreram três ataques contra imigrantes no Porto em poucas horas.

A polícia já identificou seis suspeitos desses ataques, tendo um deles ficado em prisão preventiva. .

Num dos ataques, um grupo foi agredido em casa por mais de uma dezena de homens com cara tapada e armados com facas, bastões e arma de fogo. .

O presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Moreira, já condenou os ataques, falando em crimes de ódio inaceitáveis e sublinhando que não existe qualquer justificação para aqueles atos.

O centro social auto-gerido, que oferece várias atividades, tem uma biblioteca social, uma cantina vegan, além de uma loja.

A instituição surgiu em 2019 para a "construção de alternativas e resistência ao sistema opressivo hierárquico e autoritário, sendo um local de convívio, de criação de pensamento crítico e de difusão de conhecimento livre, de intercâmbio de saberes, de ações combativas, de apoio às lutas sociais, de experimentação de práticas de economia baseadas na horizontalidade e no apoio mútuo", lê-se na página oficial do Instagram.

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