Dois municípios espanhóis da província de Badajoz pediram o fecho dos postos de fronteira, que têm com Portugal, até que haja um protocolo de saúde para responder ao surto de Covid-19 em Reguengos de Monsaraz.

"Solicitamos que sejam iniciados com urgência os procedimentos de encerramento das fronteiras e postos fronteiriços que se encontram nas nossas áreas municipais, permitindo a passagem apenas aos trabalhadores transfronteiriços que, por motivos de força maior, o devam fazer diariamente, até que seja estabelecido um protocolo transfronteiriço para o controlo da Covid-19 nas áreas fronteiriças", pedem os presidentes de câmara de Villanueva del Fresno e Valência del Mombuey numa carta enviada à Delegação do Governo espanhol da Extremadura.

Ramón Díaz Farías (Villanueva) e Manuel Naharro Gata (Valência) pedem ainda que seja elaborado um "protocolo sobre saúde pública transfronteiriça, bem como a adoção de quaisquer medidas necessárias para o controlo e isolamento da Covid-19".

“Não é Espanha contra Portugal nem Portugal contra Espanha. É Espanha e Portugal contra o coronavírus. Pedimos o fecho das fronteiras, que as autoridades de saúde publica de Espanha e Portugal se ponham de acordo para fazerem o controlo nas fronteiras contra o vírus nesta zona raiana. Em Espanha por causa de 80 casos em La Mariña – na Galiza - confinaram-se 80 mil pessoas. Em Portugal com mais de 100 casos não se confinou uma população como a de Reguengos de Monsaraz", refere o mesmo documento.

"Hoje pode ser Reguengos, amanhã pode ser Villanueva del Fresno", rematam os autarcas espanhóis.

O concelho de Reguengos de Monsaraz regista o maior surto no Alentejo da doença provocada pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, com um total, segundo dados de quinta-feira, de 131 casos ativos, 16 mortos e 14 pessoas curadas (cinco funcionários do lar e nove pessoas da comunidade).

Os dois municípios da província de Badajoz sublinham que existe um "vazio legal" em relação às medidas a serem adotadas dos dois lados da fronteira, já que tanto Espanha como Portugal têm atualmente mecanismos diferentes para controlar a doença.