A ministra da Saúde diz que tem conhecimento de que alguns doentes com cancro ficaram por tratar, devido a atrasos nos exames, e revela que já pediu esclarecimentos.

“Neste momento vou contactar com os dois hospitais para perceber em concreto o enquadramento do caso”, disse Marta Temido à Renascença.

Os casos terão acontecido nos hospitais de Faro e de Portimão, denunciou o deputado do PSD Cristóvão Norte. Ao que tudo indica, o IPO de Lisboa terá exigido garantias de pagamento das análises médicas por parte de várias unidades hospitalares.

As situações aconteceram entre dezembro de 2018 e março de 2019 e estão relacionadas com diagnósticos feitos a doentes com cancro que precisam de análises para ser aplicada uma terapia dirigida. Contudo, esses exames não foram feitos atempadamente. “Há casos de doentes que vieram a falecer sem conhecer o resultado das análises”, contou.

Tratamentos ou exames mais caros são adiados

A Ordem dos Médicos revela que não recebeu qualquer queixa, mas diz ser uma situação preocupante.

“Isso não foi reportado, mas vai em linha com o que está a acontecer no Serviço Nacional de Saúde. O desinvestimento leva a que as pessoas tentem poupar tudo e mais alguma coisa – os tratamentos ou exames mais caros, muitas vezes, são protelados”, afirmou Miguel Guimarães.

“Quando um doente tem uma doença oncológica e precisa de fazer um determinado tipo de estadiamento para decidir qual o melhor tratamento e isso é atrasado…é uma situação complicada”, remata.

Contactado pela Renascença, o Centro Hospitalar do Algarve diz que não pode falar de doentes em concreto, confirmado apenas um caso em que a análise foi recusada pelo IPO por falta da garantia financeira. Esta situação acabou por atrasar o resultado em pouco mais de um mês.

Na mesma nota revela que decidiu alargar a sua rede de entidades parceiras nesta área, tendo celebrado um contrato com o Hospital do Espírito Santo de Évora.