A ministra da Saúde, Marta Temido, pediu à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde para realizar uma sindicância à Ordem dos Enfermeiros, o que a bastonária considera uma atitude "persecutória".

Em entrevista à Renascença, a bastonária Ana Rita Cavaco acusa a ministra de usar o seu cargo para perseguir a Ordem e entende que se impõe uma atitude do Presidente da República.

“Impõe-se uma intervenção do senhor Presidente da República, porque não pode continuar da parte deste Governo, cada vez que não gosta daquilo que um representante de uma instituição diz, lançar mão daquilo que tem para perseguir os titulares dos seus órgãos, que é o que está a acontecer aqui", afirma Ana Rita Cavaco, estimando que seja a primeira vez na história do país que é feita uma sindicância a uma ordem profissional.

Para a bastonária, deve ser considerado o afastamento da ministra da Saúde. “Afastar? Compete ao senhor primeiro-ministro decidir. Mas é evidente que tem que haver uma conversa entre o senhor Presidente da República e o senhor primeiro-ministro, porque não é só este facto de agora a senhora ministra da Saúde vir com a sindicância à Ordem dos Enfermeiros; são muitos outras coisas. E nós entendemos que esta ministra não tem condições para continuar até ao fim da legislatura”, defende.

Ana Rita Cavaco acusa ainda a ministra de “usar o seu cargo, não para fazer aquilo que lhe compete, mas ter atitudes vingativas sobre pessoas e instituições que dizem coisas que não lhe agradam”.

A bastonária tem ainda dúvidas legais sobre a competência da Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) para realizar esta sindicância, que é no fundo uma inspeção genérica.

Num anúncio publicado num jornal diário no final da semana passada, a IGAS convida todos os que tenham razões de queixa ou agravo em relação à Ordem para as apresentarem à Inspeção, sendo sobre este anúncio que se pronuncia a bastonária dos Enfermeiros.