O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, diz que o rio Tejo “não aguenta a carga orgânica que tem”.

Em declarações à Renascença, Matos Fernandes reforça que a poluição no Tejo está relacionada com “o acumular de sedimentos” produzidos pelas empresas das indústrias de papel que estão ao longo do rio, informação confirmada esta quarta-feira pela Agência Portuguesa do Ambiente (APA).

"Já temos os primeiros resultados do filme feito hoje por mergulhadores no fundo da albufeira do Fratel", em Vila Velha de Ródão, afirma. A montante das empresas de celulose, "o leito está limpo, bem como a água, e, imediatamente a jusante, há um volume muito grande de sedimentos que, quando chegam cá fora, cheiram mal e são de cor negra", refere.

"Mais do que uma descarga, que pode ter existido e não estamos a negar, fora dos parâmetros de licença, aquilo que está aqui verdadeiramente em causa é o acumular de sedimentos de matéria orgânica no fundo do rio", acrescenta.

A situação foi agravada com o facto de ter chovido pouco nos últimos meses, diz ainda o ministro.

Desde quinta-feira, dia em que foi detectada a poluição, foram tomadas algumas medidas e “já há uma melhoria evidente”. Apesar disso, o ministro aguarda por resultados mais concretos na próxima semana.

João Pedro Matos Fernandes acrescenta que as licenças das empresas vão “ser revistas” e “adaptadas” às novas condições dos rios. As licenças “não podem ser cegas”.

As análises, divulgadas esta quarta-feira pela APA, mostraram que os níveis de celulose – que representam a totalidade da matéria vegetal presente — estavam cinco mil vezes acima dos níveis recomendado.

Apesar de responsabilizar todas as indústrias da pasta de papel a montante das albufeiras de Fratel e Belver e a montante de Abrantes pela situação denunciada no passado dia 24, o presidente da APA, Nuno Lacasta, confirmou que a Celtejo, fábrica de pasta de papel fixada em Vila Velha de Ródão, é responsável por 90% das descargas deste tipo de indústrias que chega ao rio naquela região.

Celtejo nega responsabilidade

A Celtejo, do grupo Altri, reitera que é alheia aos recentes fenómenos de poluição no rio Tejo e adiantou que a redução dos efluentes em 50% é inviável.

"A Celtejo é completamente alheia ao que tem surgido [no rio Tejo]. Não temos qualquer anomalia ou qualquer descarga e a produção ao longo das últimas semanas tem sido estável", afirmou o director de Qualidade e Ambiente da empresa, Soares Gonçalves.