Foi em plena serra do Marão, árida e fria, com a neve à vista mesmo no alto, que arrancou o “projecto ambicioso” da associação ambientalista Quercus, que quer plantar um milhão de árvores por município.

O secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural, Miguel Freitas, o presidente da Câmara de Vila Real, Rui Santos, e o presidente da Quercus, João Branco, calçaram as luvas, pegaram numa enxada e plantaram carvalhos.

Depois, foi a vez das crianças da escola básica de Vendas de Cima, na Campeã, plantarem “cerejeiras, carvalhos e freixos”, sem esconderem a alegria por participarem numa acção que consideram “muito importante, porque as árvores dão oxigénio, sombra e, com elas, a paisagem fica mais bonita”.

A Câmara de Vila Real foi a primeira a aderir ao desafio lançado pela associação ambientalista Quercus. O presidente da autarquia, Rui Santos, considera que “é possível plantar um milhão de árvores no concelho e até mais”.

O projecto “é bom para o concelho, para o ambiente e para o planeta”, diz o autarca, realçando tratar-se de uma iniciativa “pedagogicamente interessante, para que as nossas crianças possam, também elas, identificar-se com esta área e perceber da sua importância”.

O autarca calcula que o investimento global neste projecto de reflorestação ronde os três milhões de euros, cabendo à câmara o pagamento de 300 mil euros.

“Há um conjunto de candidaturas a fundos comunitários que estão em processo de elaboração, há a necessidade da comparticipação nacional, o envolvimento dos baldios, de privados e, todos em conjunto, temos a obrigação de arborizar toda esta área com espécies autóctones”, sublinha o autarca.

100 concelhos para envolver

A iniciativa arrancou em Vila Real e o objectivo inicial da Quercus é envolver 100 concelhos neste projecto.

O presidente da Quercus, João Branco, assume que “um milhão de árvores por município é um objectivo ambicioso” e que “na floresta temos que ter ambição”.

O ambientalista dá nota que “há muitos concelhos do Centro e Norte do país que têm dezenas de milhares de hectares disponíveis para florestação” e que “só não é efectuada porque não há maneira dos donos dos terrenos e das entidades gestoras dos baldios procederem às candidaturas e de obterem financiamento”.

Para esta plantação serão criados planos e projectos de arborização e só pode aderir “quem quiser fazer as arborizações com as espécies autóctones. Está excluído o eucalipto, bem como outras espécies exóticas”, realça João Branco.

A apadrinhar as primeiras plantações de árvores na serra do Marão esteve o secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural. Miguel Freitas, enalteceu a iniciativa da Quercus e assegurou que “o Governo vai acarinhar e vai ajudar a que ela se estenda como uma onda pelo país”.

“É fundamental Portugal ter uma floresta diferente e isso significa ter espécies mais adaptadas àquilo que são as nossas condições, espécies folhosas de crescimento lento que são mais resistentes ao fogo e que se adaptam melhor àquilo que são as alterações climáticas”, concretizou.