Onze homens e seis mulheres foram detidos esta terça-feira na sequência de uma investigação da Polícia Judiciária relacionada com furtos de cheques dirigidos a beneficiários da Segurança Social, anunciou a PJ.

Os 17 detidos são suspeitos da “prática continuada de crimes de furto, violação de correspondência, falsificação de documentos, burla qualificada e branqueamento de capitais”, adianta a Polícia Judiciária (PJ) em comunicado.

Começavam com o furto dos cheques das instalações de uma empresa multinacional, onde eram impressos e envelopados. Depois com o recurso a um intermediário que os entregava aos falsificadores, mudavam os elementos dos documentos, de modo a alterar o nome do verdadeiro beneficiário para os de titulares de contas de outros membros da organização.

O alegado esquema criminoso previa que, de seguida, os cheques fossem depositados nessas contas e, através de levantamentos em caixas multibanco ou da compra de moeda estrangeira e posterior venda da mesma e compra de euros, os elementos da organização criminosa apropriavam-se dos valores inscritos naqueles títulos de pagamento. Os autores conseguiram recolher e distribuir entre si montantes que ascendem a várias centenas de milhares de euros.

“Com esta actuação criminosa os suspeitos apoderaram-se ilicitamente de elevadas quantias monetárias em valor ainda não apurado mas que se estima superior a 200 mil euros, em seu benefício e em prejuízo de terceiros”, informa a Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa (PGDL) no seu site.

Depois de um ano de investigação, esta terça-feira, dezenas de inspectores da Polícia Judiciária (PJ) realizaram, desde o início da manhã, buscas na zona da Grande Lisboa no âmbito de uma operação que investiga a alegada apropriação de cheques para pagamento de prestações devidas pela Segurança Social. Alguns dos funcionários estão a ser investigados pelo desvio desses instrumentos de pagamento, apropriando-se mais tarde dos respectivos valores.

Foram ainda apreendidos computadores, telemóveis e material utilizado nas falsificações, bem como documentação relacionada com a actividade criminosa. Durante a operação, a PJ ainda apreendeu uma pequena quantidade de cocaína, uma balança de precisão e produto de adulteração de estupefacientes.

“Na operação foram cumpridos 21 mandados de busca domiciliária, cinco mandados de busca não domiciliária e 17 mandados de detenção fora de flagrante delito. Foram também apreendidos computadores, uma máquina de escrever, quantias monetárias e diversos documentos", indica a PGDL.

Os detidos serão sujeitos a primeiro interrogatório judicial, na quarta-feira, para aplicação de medidas de coacção.

Denúncia anónima

“As diligências hoje efectuadas pelas entidades competentes, no âmbito de um processo que envolve tiveram origem em denúncia oportunamente apresentada por este instituto”, afirma o Instituto da Segurança Social (ISS) em comunicado.

O ISS sublinha ainda que “continuará empenhado no combate a todos os tipos de práticas que não estejam alinhadas com o seu Código de Ética ou que violem as normas que enquadram a actuação da Administração Pública, continuando a trabalhar em articulação com as entidades competentes”.

Segundo fonte da PJ, a operação, da responsabilidade da Directoria de Lisboa e Vale do Tejo, envolve crimes de furto, falsificação de documentos (cheques da Segurança Social), burla, branqueamento e violação de correspondência.

Nesta operação, realizada na área metropolitana de Lisboa, estiveram envolvidos cerca de 120 operacionais desta Policia, tendo sido dado cumprimento a 27 mandados de busca, sendo 22 domiciliárias e cinco não domiciliárias.

[Notícia actualizada às 18h50 com esclarecimentos da PGDL]