Utiliza pouco os transportes públicos, é contra o uso do telemóvel ao volante, desconfia dos ciclistas e defende leis mais apertadas no que diz respeito à segurança. É este o perfil do condutor português, de acordo com um estudo do Automóvel Club de Portugal (APC) divulgado esta terça-feira.

Os dados foram recolhidos em 6.560 entrevistas a pessoas com carta de condução, 90% das quais têm pelo menos um carro no seu agregado familiar e o usam para ir trabalhar todos os dias.

12% tiveram acidente grave

A maioria dos inquiridos não sofreu ou esteve envolvido num acidente grave. Apenas 12% responderam positivamente a esta questão e outros 12% admitem conhecer alguém que ficou gravemente ferido num acidente.

O inquérito do ACP não pergunta se as pessoas já conduziram sob o efeito do álcool, mas regista uma aprovação de 95% para uma eventual proposta de lei que obrigue os carros novos a ter equipamento que impossibilite o seu funcionamento no caso de o condutor ter uma taxa de álcool no sangue superior ao permitido por lei.

20% adormeceram ao volante

Um dado preocupante é o facto de um em cada cinco dos condutores inquiridos admitir ter adormecido ao volante.

A maioria dos condutores é da opinião de que a segurança rodoviária em Portugal não tem melhorado ou, pelo contrário, piorou nos últimos dois anos. Os que acham que está melhor consideram que isso se deve a campanhas de sensibilização, leis mais severas ou medo de multas.

Maioria pede proibição total do telemóvel

Apesar de todas as campanhas contra o manuseamento do telemóvel enquanto se conduz, 8% admitem fazê-lo. Outros 39% dos condutores entrevistados pela ACP dizem que usam o telefone, mas usam sistemas mãos-livres.

Um total de 61% dos inquiridos defende uma proibição total do uso do telefone por parte de condutores, e mais ainda, 91%, são a favor da interdição de uso dos aparelhos para enviar mensagens ou emails.

Transportes públicos? Eu?

Apenas um em cada 10 dos condutores portugueses utiliza somente transportes públicos para ir trabalhar, sendo que a principal queixa dos que não o fazem é a complicação de ter de fazer transbordos.

O número de portugueses que vai trabalhar de carro ainda é significativo: 77,9%. Há ainda perto de 7% que vai trabalhar a pé, 3,5% que vai de mota e 0,2% que utiliza a bicicleta.

O amor dos portugueses ao carro próprio está patente nos números do estudo. Apenas 1,6% diz que vai trabalhar à boleia com outra pessoa.

Mais leis para ciclistas

A opinião dos automobilistas portugueses sobre os ciclistas não é a melhor. Metade considera que estes estão mal preparados e pelo menos 8 em cada 10 defende que os adeptos das bicicletas sejam obrigados a usar capacete e ter seguro de responsabilidade civil.