Está a causar polémica o jantar que decorreu na sexta-feira à margem da Web Summit, no Panteão Nacional.

A chamada “cimeira dos fundadores” é um evento dirigido apenas a presidentes executivos (CEO) e fundadores de “start-ups” e outras empresas. O facto de ter sido realizada num monumento nacional, “no meio dos mortos” e “ao lado dos caixões dos heróis nacionais”, está a motivar críticas e muitos comentários nas redes sociais.

O antigo embaixador Seixas da Costa é uma das vozes que questiona a escolha do local: “Com o tempo, e com as incertezas da sabedoria que a idade nos traz, inquietamo-nos sobre a eventual justeza de certas opiniões pessoais. Seremos nós quem não está a ver bem as coisas? Aconteceu-me agora. Ajudem-me: acham mesmo normal que o jantar final do Web Summit tenha sido entre os túmulos do Panteão Nacional?”

No Twitter, o hashtag #panteão mostra vários outros comentários, como, por exemplo, “Websummit no Panteão. Esta nova religião tem como culto jantares junto a túmulos. Amen.”

A notícia do jantar é avançada pelo jornal “Público”, que revela não ter conseguido apurar quanto custou nem quem pagou o jantar.

Antes do jantar de sexta, realizou-se um outro, igualmente exclusivo, na quinta-feira, desta vez no Palácio Nacional da Ajuda.

A utilização de espaços públicos, como monumentos nacionais, para a realização de eventos, incluindo jantares, está regulada e tabelada desde 2014, através de um despacho da Presidência do Conselho de Ministros dirigido, em especial aos “imóveis afectos à Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), numa perspetiva de rentabilização assente na qualidade e, sobretudo, na salvaguarda da sua especificidade e prestígio”.

No que toca ao Panteão, o diploma estabelece o preço de 3.000 euros para um jantar para 400 pessoas sentadas no “corpo central”. Já para o Palácio Nacional da Ajuda, o preço para um jantar varia entre os 6.500 e os 7.500 euros, dependendo das salas.