Os Serviços Municipalizados de Alcobaça solicitaram às populações afectadas pelos incêndios para não beberem água da rede pública devido às cinzas arrastadas pelas chuvas dos dois últimos dias.

”Solicita-se a colaboração das pessoas no sentido de não beberem água da torneira sem ser fervida, podendo ser utilizada para banhos e cozeduras”, referem os Serviços Municipalizados de Alcobaça num aviso emitido à população.

Em causa está a qualidade da água em Pataias, Martingança, Burinhosa, Paredes da Vitória, Légua, Falca, Água de Madeiros, Pedro do Ouro e Vale, devido ao arrastamento “de cinzas” resultantes dos dois incêndios que no domingo deflagraram na freguesia de Pataias para a rede pública de abastecimento.

O arrastamento ocorreu na sequência da chuva que caiu no concelho na segunda-feira e na terça-feira, esclarece o aviso.

No intuito de garantir a qualidade da água, os serviços informam já ter “a análise e respectiva desinfecção” e estarem a desenvolver esforços “no sentido de repor a normalidade no abastecimento de água”.

Três mil hectares ardidos

O fogo que deflagrou no domingo consumiu três mil hectares de floresta em Alcobaça, distrito de Leiria, onde arderam dez habitações de segunda habitação, informou o presidente da Câmara de Alcobaça, Paulo Inácio.

O autarca teme agora que o incêndio que fustigou o concelho possa ter "impactos no âmbito do turismo", recordando que a floresta que ardeu situa-se junto à orla marítima, afetando todas as praias no norte do concelho de Alcobaça.

O fogo criou "um problema ambiental brutal", sendo necessário salvaguardar agora os aquíferos, que podem ser contaminados pela matéria ardida, disse Paulo Inácio, que falava aos jornalistas após uma reunião de autarcas do distrito com o ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Capoulas Santos.

Além disso, será também necessário "proceder ao corte de árvores junto da rede rodoviária", face ao perigo de estas caírem para as estradas.

As centenas de incêndios que deflagraram no domingo, o pior dia de fogos do ano segundo as autoridades, provocaram pelo menos 41 mortos e cerca de 70 feridos (mais de uma dezena dos quais graves), além de terem obrigado a evacuar localidades, a realojar as populações e a cortar o trânsito em dezenas de estradas. O Governo decretou três dias de luto nacional, entre terça-feira e quinta-feira.

Esta é a segunda situação mais grave de incêndios com mortos este ano, depois de Pedrógão Grande, em junho, em que um fogo alastrou a outros municípios e provocou 64 mortos e mais de 250 feridos.