Poços secos, falhas de água na rede, são algumas das queixas dos moradores de Abrunhosa-a-Velha, localidade do concelho de Mangualde. Os habitantes desesperam com a falta de água na terra, fustigada pelos incêndios dos últimos anos.

Entre vizinhos não se fala noutra coisa. Júlia, 53, não tem água em casa. “Vêm cá duas e três vezes por dia trazer água, desde o principio de Junho. Não temos água nem para beber”, confessa à Renascença.

Campos secos, pastagens quase inexistentes. Em Abrunhosa-a-Velha, ficou o negrume dos incêndios e, num Outubro quente, escasseia o bem mais importante. Aos, 70 anos, José Santos nunca tinha visto o poço de casa vazio. “Ainda agora fui ao poço, fui ver e estava vazio, seco. Vamos morrer à sede? E a criação? Os animais? Se não chover, estamos mal”, denuncia, ao mesmo tempo que conta valer-se de um “furo” no terreno de casa, de onde vai retirando alguma água.

A povoação de Abrunhosa-a-Velha está a ser abastecida por um camião cisterna, confirma o presidente da Câmara de Mangualde, João Azevedo, que fala na necessidade de o governo adoptar um "plano B".

“Várias aldeias estão a ser abastecidas há já algum tempo porque não têm o abastecimento da barragem de Fagilde. Têm captações próprias que já secaram e estamos a fazer abastecimento através de camiões cisterna”, admite João Azevedo, defendendo uma alternativa: "Tem que haver uma 'opção B'. O governo e as câmaras vão ter que fazer comboios de água, para que possamos recarregar o espaço dos depósitos de água, para que seja depois transferida para as casas."