A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) garante que está a gerir em estreita colaboração e articulação com as entidades públicas os cerca de 1,6 milhões de euros que angariou até ao momento para ajudar as vítimas dos grandes incêndios deste Verão.

Em declarações à Renascença esta terça-feira, o presidente da UMP, Manuel Lemos, assegurou que a gestão dos donativos está a ser feita com muito critério.

“A União está a gerir o melhor que pode e sabe e acho que estamos a gerir bastante bem. O montante que temos para gerir é um milhão e 600 mil euros, até ao momento. Continuamos a receber quase todos os dias mais alguns pozinhos”, afirma.

Em declarações à RTP, na segunda-feira, o presidente da Câmara de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, mostrou-se preocupado com a forma como os fundos de apoio à região estão a ser geridos e garantiu que vai “desafiar os colegas de Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos para participar e informar o Ministério Público".

O autarca afirmou que foram abertas contas de apoio cujo destino se desconhece. Valdemar Alves denunciou ainda que há pessoas a receber subsídios em duplicado.

O presidente da UMP tem uma explicação para as polémicas declarações do Presidente da Câmara de Pedrógão. “Há vários fundos pequeninos – do que deram a bombeiros, a cada uma das misericórdias ou associações recreativas, etc. – e estes fundos pequeninos estão fora do REVITA, não estão a ser geridos nem pelo REVITA nem em articulação com o REVITA. Esses, acho, ninguém consegue controlar. E penso – para não dizer que tenho a certeza – que era disso que o senhor presidente da câmara estava a falar”, afirma.

Manuel Lemos revela também onde está a ser aplicado o dinheiro. “Depois do levantamento feito pela CCDR [Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional] Centro e pelo IHRU [Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana] das casas ardidas, e depois do REVITA [fundo de apoio às populações e à revitalização das áreas afectadas pelos incêndios de Junho] – e muito bem, como entidade coordenadora – passou à distribuição das casas”, diz.

“Nesse contexto, nas nossas casas, naquelas que eram pequenas e médias reparações, em muitas delas, as obras estão em curso. Depois, há aquelas que arderam completamente para as quais o processo é mais lento. Contudo, estamos a trabalhar na procura de orçamentos controlados”, conclui.

O Presidente da República aconselhou esta terça-feira que sejam dadas explicações aos portugueses sobre como e quem está a gerir as verbas para apoiar as vítimas dos incêndios de Pedrógão Grande. "Era bom que os portugueses soubessem quem gere o quê", disse Marcelo Rebelo de Sousa.

A vice-presidente do PSD Teresa Morais exigiu esta terça-feira esclarecimentos adicionais ao Governo sobre os donativos privados às vítimas dos incêndios florestais da região Centro, em Junho, considerando o valor apurado "ridiculamente baixo".