Os olivicultores alentejanos estão preocupados com a rápida propagação da “xylella fastidiosa”, uma bactéria que já tem como alcunha de “ébola das oliveiras” e que ataca especialmente o café e árvores como a oliveira, a amendoeira, o pessegueiro, a laranjeira e o limoeiro. Quando uma destas árvores é infectada, a bactéria impede a circulação da seiva e provoca a sua morte.

“Não há muita coisa que os olivicultores possam fazer em termos de prevenção” da bactéria xylella fastidiosa, entende Henrique Herculano, director técnico do Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo. A “única coisa que podem fazer é esperar da tutela, não só ao nível nacional mas também da Comissão Europeia, as medidas eficazes no controle da doença”, argumenta.

De acordo com o jornal “Público”, o foco da bactéria “xylella fastidiosa” apareceu em Alicante e foi o primeiro sinal da doença na Península Ibérica. A bactéria é oriunda dos Estados Unidos e os agricultores da Andaluzia já chamara à atenção do Governo espanhol sobre a necessidade de indemnizar os agricultores pelas perdas. As associações de olivicultores locais acreditam que se não o fizerem os agricultores não irão denunciar a presença da doença com medo que as autoridades abatam as árvores infectadas.

Em Portugal, os produtores estão preocupados e apelam por medidas de prevenção. “Estamos preocupados e talvez seja mesmo provável que a bactéria chegue a Portugal, porque já chegou a Valença e a Baleares e antes estava em Itália. É perfeitamente possível e ainda para mais é uma bactéria transmitida por mosquitos. Se em patologias humanas temos dificuldade em controlar doenças quanto mais em patologias vegetais”, acredita Henrique Herculano.

“Indemnizar os olivicultores que têm árvores afectadas para que desta forma se promova e facilite o arranque das árvores infectadas” é a medida que os produtores nacionais também defendem, acrescentando ainda que quem deve acionar um mecanismo eficaz de controle da bactéria deverá ser a Comissão Europeia, uma vez que o problema é europeu.

O que aconteceu em 2013, na região italiana de Apúlia, é para o director do Centro de Estudo e Promoção do Azeite do Alentejo, um exemplo de como as pessoas que tinham árvores infectadas não obtiveram qualquer compensação. “Para muitas pessoas é o seu modo de vida e é o único sustento que têm”, acrescenta o especialista.

De acordo com o “Público”, a xylella fastidiosa provocou, em 2013, na região italiana de Apúlia, o abate de um milhão de oliveiras. Depois da bactéria ter chegado a Espanha, os olivicultores alentejanos mostram-se receosos e cautelosos com a possibilidade de chegar a Portugal.