O Governo vai activar de imediato a Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Efeitos da Seca e admite medidas de contenção de consumos.

A decisão foi anunciada pelo secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, em declarações à TSF, numa altura em que 80% de Portugal continental está em situação de seca severa e extrema.

Além de activar a comissão, será ainda elaborado o plano de contingência para enfrentar a seca e evitar consequências mais graves a meio do Verão.

"É preciso tomar medidas de contenção de consumos, criar regras e sobretudo alertar para a situação gravíssima que estamos a viver", afirma Carlos Martins.

O secretário de Estado admite que, "de uma forma geral, no país há motivos de preocupação e sobretudo na Bacia do rio Sado o caso já é mesmo muito preocupante".

Perante um eventual cenário de escassez de água, o governante defende que é preciso definir muito bem as prioridades.

"Ninguém iria perceber que andássemos a regar rotundas numa altura em que há restrições de abastecimento à população ou ao gado. As rotundas não ficam com a mesma beleza, mas não são prioritárias", argumenta Carlos Martins.

Ministro do Ambiente afasta restrições para a população

De visita a Matosinhos, esta sexta-feira, o ministro do Ambiente também falou sobre a questão da seca. João Matos Fernandes afasta a possibilidade de haver restrições do consumo de água à escala nacional.

"A nossa primeira prioridade é a água para consumo e uso humano e essa nunca estará em situação nenhuma em causa", assegurou o governante.

"Há um conjunto de albufeiras, particularmente na bacia do Sado, que tem um nível de água abaixo do que é comum nesta altura do ano", mas que "permite encarar o Verão com segurança."

Para Matos Fernandes, o Governo tem "tempo de, com base em dados que são públicos, tomar as decisões que são certas no tempo certo e elas irão ser tomadas no dia 19 de Julho".

Dezoito barragens iniciam Verão a meio gás

De acordo com dados revelados esta sexta-feira, 80% do território estava em seca severa ou extrema, no final de Junho, e 18 das 60 barragens do Continente iniciaram o Verão com menos de metade da água que conseguem armazenar.

Segundo o boletim climatológico, no final do mês passado cerca de 80% do território estava em seca severa (72,3%) ou extrema (7,3%).

De acordo com o índice meteorológico de seca (que tem em conta os dados da quantidade de precipitação, temperatura do ar e capacidade de água disponível no solo), a 30 de Junho mantinha-se a situação de seca meteorológica em quase todo o território de Portugal continental, verificando-se, em relação a 31 de Maio, um agravamento da intensidade da seca.

Depois de um Inverno com pouca chuva, a Primavera também foi muito quente, seca e com uma chuva que apenas correspondeu a 75% do valor médio histórico para estes meses do ano.

A Primavera deste ano foi a terceira mais quente desde 1931, revela o último boletim climatológico sazonal do IPMA, que dá conta de um aumento significativo da seca, especialmente nas regiões do Norte e Centro do continente.