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É daquelas pessoas tapa a câmara do portátil por razões de segurança? Há quem diga que é um exagero, mas o presidente do Centro Nacional de Cibersegurança discorda e confessa: “eu faço isso”.

Pedro Veiga admite, na Renascença, que tem “um sticker” colado “em cima da câmara, que tem uma janelinha. Normalmente está fechada”. E acrescenta sem hesitar: “Recomendo esta prática”.

Mas não são só os computadores portáteis que têm câmaras. Também as “smart TV” e os tablets vêm assim equipados.

“Já foram reportados problemas”, avança o especialista, e não só nas câmaras como no microfone.

“Entra um vírus no nosso equipamento e activa a câmara e/ou o microfone e podem ouvir o que se está a passar na nossa casa”, alerta.

“As pessoas têm de estar cientes de que vivemos numa sociedade cada vez mais dependente das tecnologias e é preciso ter um novo elenco de cuidados para resistir”, realça.

Neste Dia Mundial da Internet, o presidente do Centro Nacional de Cibersegurança foi o convidado da Manhã da Renascença, onde se falou também do recente ataque informático conhecido por “ransomware” (caracterizado por um pedido de resgate por parte dos piratas, para que os dados da vítima lhe sejam devolvidos).

“Todas as pessoas deviam estar atentas porque estes ataques deste tipo ‘ransomware’ – que são apenas uma parte de muitos outros ataques que existem – são permanentes e é de esperar que se venham a acelerar”, avisa.

Portugal foi dos países menos prejudicado pelo ataque de sexta-feira, dia 12. “O impacto foi mínimo comparado com outros países”, afirma Pedro Veiga, admitindo que “a particularidade” de ser dia de tolerância de ponto terá ajudado.

Ainda assim, “o factor decisivo foi a boa preparação, na área de segurança a prevenção” que os sistemas públicos tinham.

Para tal, lembra, é fundamental a constante actualização do software. E atenção: os antivírus não conseguem detectar todos os problemas.

“Os antivírus neste momento, mesmo os pagos, só conseguem detectar em média 30% dos problemas informáticos que existem”, afirma o especialista, adiantando que “há muitos antivírus grátis eficientes”. Contudo, como os outros, “só resolvem 30% dos problemas, pelo que é preciso estar atento a outras dificuldades que estão a surgir e a transfigurar-se permanentemente”.

Se, há uns anos, os criminosos recorriam muito às chamadas “cartas da Nigéria” (em que alguém pedia ajuda para receber uma herança, por exemplo), hoje, “o nível de sofisticação é impressionante e é preciso ter cultura e conhecimentos”.

Recomendações que nunca é demais lembrar

Pedro Veiga recorda os cuidados a ter:

- Nunca abrir e-mails (não é só o link no seu interior) de proveniência desconhecida ou duvidosa. “Às vezes parecem ter credibilidade, é um problema que não conseguimos ultrapassar para já”.

- Ter os sistemas sempre actualizados. “Este vírus [s sexta-feira] não entrou nos sistemas que estavam actualizados”.

- Fazer cópias de segurança frequentes: “se o nosso sistema bloquear ou tiver uma avaria – esta recomendação das cópias de segurança é também apara avarias que às vezes os equipamentos têm – devemos fazer cópias de segurança frequentes para discos externos ou sistemas de ‘cloud’ que hoje existem”.

O presidente do Centro Nacional de Cibersegurança é também um dos convidados do programa Em Nome da Lei, emitido na Renascença no sábado, entre as 12h00 e as 13h00.