Os moradores da freguesia do Parque das Nações, em Lisboa, ponderam apresentar uma queixa judicial contra a administração pública, disse à Renascença Célia Santos, da associação de moradores A Cidade Imaginada Parque das Nações.

Uma semana depois de terem denunciado a existência de uma alegada contaminação dos solos onde decorrem obras (e o cheiro intenso a combustíveis), os moradores ainda continuam à espera de resposta por parte das entidades oficiais.

Há meses que os moradores da zona sul desta freguesia são afectados por um cheiro a gás e a hidrocarbonetos originado pelo alargamento do parque de estacionamento subterrâneo do hospital CUF Descobertas.

Os residentes denunciaram os maus cheiros provenientes da obra que decorre em solos que, receiam, podem estar contaminados. Em tempos funcionou ali a antiga refinaria de Cabo Ruivo.

A José de Mello Saúde, detentora do hospital, mostra surpresa pela eventual existência de possíveis solos contaminados, sublinhando que quando o adquiriu o terreno à Parque Expo foi no pressuposto que estaria descontaminado.

A autarquia de Lisboa já questionou o dono da obra e as entidades competentes de forma a salvaguardar a qualidade de vida dos moradores. Em comunicado, a câmara revela que, quando o processo foi submetido à apreciação dos serviços municipais, a informação que recebeu foi que os terrenos tinham sido limpos. Mas quem vive na zona continua a ser afectado pelo constante cheiro a combustíveis.

Há moradores a abandonar as suas casas

"Todos os dias temos de conviver com este ar em casa, mas, por vezes, a concentração é tal que temos de sair para a rua, para conseguir respirar melhor", conta Célia Santos, da associação de moradores.

Para além de edifícios de habitação, nas proximidades da obra existe um colégio privado ("Estamos na freguesia mais jovem do país e que todos os dias respira estes ares"), o próprio hospital e um hipermercado.

"A situação está a criar-nos uma situação de descontentamento e de insegurança para nós e para as nossas famílias", diz Célia Santos. Os moradores sentem-se em "insegurança" enquanto não forem reveladas análises da qualidade do ar.

Alguns moradores já deixaram as suas casas, diz a dirigente associativa. É o caso de Pedro Frederico. Com uma filha de dois meses nos braços e a acordar, durante a noite, devido ao cheiro intenso a hidrocarbonetos, decidiu deixar provisoriamente a sua habitação. Pelo menos, até conhecer o resultado das análises à qualidade do ar, que encomendou e pagou.

"O nosso pediatra alarmou-nos um pouco e sugeriu que contactássemos a delegada de saúde da zona, coisa que fizemos, mas ainda não obtivemos nenhum 'feedback'", desabafa.

Até agora, ninguém assumiu responsabilidade pela situação.