O secretário-geral da CGTP afirmou este sábado que os trabalhadores das empresas de segurança dos aeroportos portugueses, que estão numa greve de 24 horas, farão "outras lutas" se as suas reivindicações não forem positivamente respondidas pelos patrões.

Arménio Carlos esteve esta manhã em frente ao Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, com as cerca de duas dezenas de trabalhadores de segurança dos aeroportos, nomeadamente a Prosegur e a Securitas, que garantem o raio-x da bagagem de mão e o controlo dos passageiros e também dos trabalhadores dos aeroportos, que estão numa greve de 24 horas ao trabalho extraordinário, reivindicando melhores condições de trabalho.

Sublinhando que esta greve "é um grande exemplo não só de afirmação das justas reivindicações" dos trabalhadores, como também "a demonstração da defesa da [sua] dignidade", Arménio Carlos deixou um aviso às entidades empregadoras.

"Se depois de hoje as associações patronais de segurança não tiverem em consideração esta demonstração de força e de vontade de resolução do problema por via do diálogo, então outras lutas com certeza se seguirão até que as reivindicações destes trabalhadores sejam valorizadas", disse.

O sindicalista apelou assim a que os representantes dos patrões tenham em conta "a necessidade de regressarem à mesa de negociações" e de "responderem positivamente às reivindicações dos trabalhadores aeroportuários", que "controlam milhões e milhões de pessoas que se deslocam para vários países do mundo".

Esta paralisação de 24 horas foi marcada após mais de nove meses de negociações entre o sindicato e a Associação das Empresas de Segurança (AES) para a celebração de um novo contrato colectivo de trabalho.

Questionado sobre este período negocial, Arménio Carlos disse que "as associações patronais ao longo destes meses andaram a fingir que negociavam, mas, na prática, o que andavam a tentar assegurar fazer era uma subversão da negociação, não respondendo concretamente as reivindicações dos trabalhadores".

O dirigente sindical considera que as empresas de segurança que operam nos aeroportos portugueses "subestimaram a força dos trabalhadores e a sua coragem" mas diz que "a partir de hoje começam a ficar com outra ideia" e a perceber que estes trabalhadores "não têm medo de dar a cara e de lutar pelos seus interesses".

Filas, atrasos e muita confusão no aeroporto de Lisboa

O tempo de espera para o controlo de segurança no aeroporto de Lisboa agravou-se durante esta manhã devido à greve dos trabalhadores do raio-x, podendo atingir duas horas, disse à Lusa fonte da ANA - Aeroportos de Portugal.

Fonte oficial da empresa que gere os aeroportos do país disse hoje à Lusa que os voos estão a decorrer com normalidade em todos os aeroportos com excepção do de Lisboa, devido à greve.

"Os voos estão agora a sair com atrasos superiores e as filas de espera no Terminal 1 poderão atingir duas horas e, no terminal 2, [demoram] menos tempo, mas agravaram-se também", disse a mesma fonte, apelando novamente aos passageiros que viajem hoje para que cheguem ao aeroporto com maior antecedência.

No local, tanto na zona do 'check-in', como na zona do controlo de segurança através de raio-x, o número de passageiros se acumula, estando várias centenas de pessoas alinhadas em fila à espera de passarem para a zona de embarque.

Nos painéis com as informações sobre as partidas agendadas para o dia de hoje, verifica-se que grande parte das ligações da manhã foi ou será realizada com atraso.

O dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) Fernando Henriques disse recentemente à Lusa que "os trabalhadores destas duas empresas são responsáveis pela segurança de cerca de 40 milhões de passageiros que, por ano, passam pelos aeroportos portugueses".

O sindicalista alertou que, "com as condições em que trabalham, mais tarde ou mais cedo", podem existir "problemas graves", considerando que "é altura de olhar com atenção para esta questão".