Uma em cada 14 famílias portuguesas não consome alimentos suficientes por falta de dinheiro. É uma das conclusões do relatório “Alimentação Saudável em Números” que a Direcção-geral da Saúde (DGS) apresenta esta quinta-feira.

O estudo indica que a alimentação de má qualidade afecta, sobretudo, crianças, idosos e os grupos socioeconómicos mais vulneráveis.

O documento revela ainda que a crise, no período entre 2011 e 2014, agravou as desigualdades sociais e a pobreza em Portugal, tendo aumentado as dificuldades de acesso das famílias a alimentos em quantidade suficientes, seguros e nutricio­nalmente adequados.

A situação é mais grave no Algarve, seguida da região de Lisboa e Vale do Tejo, e afecta mais os agregados familiares com menos instrução, que incluem desempregados ou reformados.

Em 2014 quase 27% dos inquiridos admitiram ter deixado de consumir um alimento considerado essencial por falta de dinheiro e mais de metade dos portugueses adultos (52,8%) tem excesso de peso. Este aumento da obesidade verificou-se sobretudo nas mulheres e na população com mais de 45 anos.

Entre as crianças não houve grandes alterações nos últimos quatro anos. Ainda assim, Portugal continua a ter uma proporção de crianças com excesso de peso acima da média europeia.

Na adolescência o caso muda. A maioria (63,3%) tem um índice de massa corporal normal mas a qualidade de alimentação piora à medida que o ano de escolaridade avança.

O documento revela ser notório um número crescente de crianças e adolescentes que dizem que nunca comem fruta e hortícolas, consomem pouco leite e derivados, abusam do sal e das gorduras trans (presentes em bolachas, biscoitos e produtos de pastelaria). De acordo com o estudo, as crianças e adolescente consomem doces e refrigerantes pelo menos uma vez por semana.

A DGS diz ainda que a má alimentação é o factor que mais contribui para a perda de anos de vida saudável dos portugueses, logo seguido da hipertensão.