A empresa Island, multinacional de capitais irlandeses, promete não desistir do projecto do parque eólico de Torre de Moncorvo, apesar do parecer "negativo" do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e ameaça recorrer à justiça.

"Já entregámos no Ministério do Ambiente uma reclamação administrativa, referente ao parecer negativo emitido ao Estudo de Impacte Ambiental (DIA) por parte do ICNF e não está colocado de lado o recurso aos tribunais", refere o director executivo da Island, Paulo Amante.

O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas fundamentou o parecer negativo sobre o Parque Eólico de Moncorvo, na Avaliação de Impacte Ambiental (AIA) que identificou "impactes negativos muito significativos" e "não minimizáveis" numa área sensível.

"Não nos parecem razoáveis as explicações dadas, já que o actual Governo teve menos de três semanas para analisar o projecto e tomar uma decisão sobre a matéria, acabando todas as decisões por ficar nas mãos do ICNF", afirma Paulo Amante, assegurando que a empresa Island “sempre se mostrou disponível para minimizar os impactes negativos na fauna e flora.

A Island já investiu cerca de dois milhões de euros em estudos e avaliações das condições para a instalação do parque eólico projectado para ficar instalado a 900 metros de altitude, num local situado entre as localidades de Lousa e Castedo, abrangendo o concelho de Torre de Moncorvo e Carrazeda de Ansiães.

O investimento da multinacional de capitais irlandeses ronda os 75 milhões de euros e prevê a instalação de 25 a 30 aerogeradores com uma potência que vai de 2 a 2,5 megawatts.

“Perdas de mais de seis milhões de euros”

Os autarcas dos concelhos de Carrazeda de Ansiães e Torre de Moncorvo mostraram-se esta terça-feira revoltados com o parecer desfavorável à construção do parque eólico por parte do ICNF e falam em grandes prejuízos para a região.

Segundo o presidente da câmara de Carrazeda de Ansiães, se o projecto do Parque Eólico de Moncorvo não avançar “haverá perdas de mais de seis milhões de euros”.

"Há 400 proprietários de terrenos dos concelhos de Carrazeda de Ansiães e Torre de Moncorvo que poderão ser beneficiados ou prejudicados, conforme a evolução do projecto, e com um valor estimado de seis milhões de euros por um período de 20 anos”, concretiza José Luís Correia, concluindo que “isto é muito dinheiro”.

O autarca diz ainda que o parecer negativo do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) ao projecto eólico "está revestido de um grande fundamentalismo de alguém que não conhece a realidade e quer inibir um território de tirar mais-valias das suas condições naturais".

"Em meu entender há técnicos dentro do ICNF que ainda não superaram a aprovação do empreendimento hidroelétrico do Baixo Sabor. O parque eólico está a servir para revanchismo devido à aprovação da barragem", diz, por sua vez, o presidente da Câmara de Torre de Moncorvo.

Nuno Gonçalves garante existirem pareceres técnicos que mostram que a zona destinada ao parque eólico "não é uma área de grande biodiversidade ou uma área de ‘habitat’ e protecção de aves ameaçadas".