O ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, autorizou a construção do hospital do Seixal. A novidade foi confirmada pelo presidente da câmara no final de uma reunião com o governante.

"Nas palavras do ministro, o processo vai ser retomado, o projecto de execução vai ser retomado para que possa ser lançado o concurso e posteriormente começada a sua construção", afirmou Joaquim Santos aos jornalistas.

Segundo o autarca, foi manifestada a "intenção de, respeitando a decisão da Assembleia da República, incluir no Orçamento do Estado de 2016 o projecto de execução do hospital do Seixal".

"Aquilo que foi interrompido pelo anterior ministro em 2011 vai ser retomado, o que são excelentes notícias para as nossas populações", acrescentou.

Estimando que o hospital estará construído em 2019/2020, Joaquim Santos referiu que irá custar cerca de 60 milhões de euros e que será pequeno, uma vez que terá "72 camas apenas".

O hospital público é um equipamento reivindicado há vários anos pelos municípios do Seixal, Almada e Sesimbra, onde vivem cerca de 500 mil pessoas, que actualmente têm que recorrer ao hospital Garcia de Orta, em Almada. O acordo para lançamento da nova unidade foi assinado em 2009, mas a construção nunca avançou.

Seis meses de IRS ajudam a custear unidade

Para mostrar que a factura da obra não vai recair sobre o erário público, o autarca frisou que a população do Seixal paga ao Estado, "só em IRS" (Imposto sobre o Rendimento Singular), 120 milhões de euros por ano.

"Talvez seis meses de IRS da população do Seixal seja suficiente para custear o hospital", afirmou.

Contudo, esclareceu que a verba para a edificação não vai estar prevista no Orçamento do Estado de 2016, onde constará apenas o montante necessário para se avançar com os projectos para a obra.

O presidente da Câmara do Seixal referiu ainda que faltam na península de Setúbal 1.300 camas hospitalares relativamente à média nacional e cerca de 715 médicos também relativamente à média nacional.

Acompanhado na reunião pelos presidentes das câmaras de Sesimbra e de Almada, o autarca revelou ainda que os três municípios se comprometeram a trabalhar numa solução para ajudar a aliviar a "sobrecarga" registada no hospital Garcia de Orta, em Almada.

"Ficou estabelecida a criação de um grupo de trabalho para, num curto prazo, podermos estudar soluções complementares que pudessem ajudar a aliviar este problema", disse Joaquim Santos, acrescentando que o Garcia de Orta foi dimensionado para 150 mil pessoas e serve mais de 450 mil.

No dia 18, o Parlamento aprovou, com a abstenção do PSD e do CDS-PP e os pareceres favoráveis das restantes bancadas e do deputado do PAN, dois projectos de resolução - do BE e do PCP - recomendando a construção urgente de um hospital no Seixal.

A unidade está projectada para ser um equipamento de proximidade, vocacionada para os cuidados em ambulatório, com serviço de urgência a funcionar 24 horas, 72 camas, 23 especialidades e unidades de apoio domiciliário e de medicina física e de reabilitação.

O ministro da Saúde recebeu também, esta terça-feira, a presidente da Câmara de Tomar, Anabela Freitas, que pediu a reabertura da medicina interna no hospital da cidade.