As nossas cidades vivem numa constante correria, porque temos horas para tudo, desde o momento em que acordamos.

Levanta-se da cama, passa 12 a 15 minutos debaixo do chuveiro, veste-se e sai de casa para passear o cão e ir à padaria. Dez cêntimos por pão, se tomar um café são logo mais 60 cêntimos. De seguida, regressa a casa para acordar as crianças, que o tempo voa, e está quase na hora de as levar à escola.

Às 8h00, toca a sair de casa. Nem mais uma colher de cereais à boca, nem mais um minuto a ver desenhos animados.

Beijinhos à porta da escola e estaciona em segunda fila, rápido, rápido, mas lá se passam cinco minutos. Enquanto isso, há um automobilista que está tão apressado como o meu caro ouvinte e que barafusta consigo porque simplesmente quer tirar o carro.

Barafusta e você o que faz? Ainda se acha cheio de razão e manda-o dar uma volta.

Segue o seu caminho até ao trabalho e chegando ao destino, quer estacionar. Então não é que o padeiro que abastece o café em frente ao escritório tem a furgoneta em segunda fila a tapar aquele lugar que lhe dava imenso jeito?

E começa a protestar, porque isto não se admite, porque uma pessoa quer trabalhar, mas que falta de civismo. É, não é?

E aí percebe que estacionar em segunda fila pode dar jeito a si, mas pode ser um problema para os outros. E não se esqueça que não estamos sozinhos.

De cada vez que praticar este tipo de infração, lembre-se que pode haver pelo menos 60 pessoas que estão dentro de um autocarro e que se atrasam para chegar ao trabalho. Por sua causa que estacionou em segunda fila.

O site '2.ª fila não é opção' faz um retrato de Lisboa com dados relativos a janeiro do ano passado: num só mês, os elétricos da Carris contabilizaram 47 horas de atraso e os autocarros 24 horas. E em 2017, o somatório de atrasos nos transportes públicos da capital deram qualquer coisa como 937 horas. Graças aos estacionamentos em segunda fila.

21 minutos é o tempo médio que um automobilista que estaciona em segunda fila demora até regressar ao carro. Agora imagine o desespero dos outros. E se fosse consigo? Certamente iria exigir que o atraso de vida que lhe bloqueou a saída do carro pagasse uns merecidos 150 euros, que é o valor da coima a aplicar neste tipo de infração.

Por isso, faço minhas estas palavras simples que encontrei. "Um bom cidadão não incomoda o vizinho ao bloquear-lhe a saída do estacionamento. Como bom profissional que é, usa os lugares sinalizados para cargas e descargas. Como pai ou mãe dedicada, não arrisca a segurança do seu filho e não estaciona em segunda fila".